sexta-feira, 22 de abril de 2011

Das desistências que fazemos da vida - Tomo III


Seguindo em frente para não perder a viagem. De novo.

E a gente enfatiza o ponto final. Paaaaa-rou. E a gente enfatiza o que já se foi - e que não deverá ser futuro. Cor-ta! E assim prosseguem nossos passos. Alguém, aparentemente imprevisível, insiste em ser mais um. Poxa, será que não podes fazer a diferença? Precisa entregar-te ao 'doce deleite' do abstrato? Precisa fazer de si próprio alguém irreconhecível na multidão? Será que dá para ser você? Fecha digressão.Incomoda assistir o desleixo de alguém. A falta de exímia verticalidade. De olhar alto. De datas vencidas - tanto de vícios quanto de virtudes. E falta. É um vazio tão preto e branco; tão perdido; tão insensato. Pouco. Pouquinho. Daí, a gente pega e diz: " Tchau". Nada de horizontalidades - o horizontal é tão permissível, tão acertivo, quanto uma faca de dois gumes afirma ser. E a escuridão - melhor, a falta de luz - é áspera; não muito efêmera...mas fria. E mais um ser de vento na cabeça se perde. E você deu importância a ele só pelo fato do mesmo ter te proporcionado um sorriso. Mas como você não é robô para vivver de programações, não fora o suficiente para o momento dito " certo" pela tal pessoa. Ela divagou. As palavras não fazem muito sentido. O que ela faz também é incoerente. O significado não corresponde ao significante. Você não pediu para ela permanecer por muito tempo - você só quis que ela soubesse do valor, da grafia, do perfume, dos sons, do sabor e de tudo que porventura proveio dela e que ligou-se a você. Porém, capítulo encerrado.Já pedimos licenças infinitas vezes - com razões distintas e objetivos concretos. Contudo, outrem apenas te achou bonitinha. É a horizontalidade. Ela implica em ilusões corporativas. No simplório. Na injustiça. E na infelicidade.[ Já ouvi por aí que " vida boa é a dos outros". Claro! Claro que sim! A vida alheia tem sentido porque eu não sou capaz de ser o outro; idêntico. Como não sei, logo minha vida não se parecerá com a dele e, portanto, minha própria existência não existe.] Comentar vai custar um pouco caro. Pulemos. Depois de mais um desencontro - creio que nos deparamos com um vidro, mesmo - perdem-se forças. Alguém nesta narrativa terá de fazer-se protagonista. Porque, outros não serão capazes de coadjuvar. O encontro acabou. Ele não te leu. Não te viu. E é hora de voltar para casa. [Afinal, alguém vai te esperar amanhã. Pois, quando uma novela acaba, há sempre uma seguinte a ser lida - " onde os fracos não têm vez"]. A licença poética é sua. Termine.



2 comentários:

  1. E não será a vida uma eterna reticências?... Na horizontalidade podemos avistar o infinito, mas esse é tão distante e por que não escasso. Perde-se em instantes. E paradoxalmente, em sentido horizontal seguimos em frente, acomodados ao mesmo e muitos dispostos ao mesmo, o mais terrível de tudo. Somos então seccionados e no chão há muitas partes de nós... se o olhar fosse vertical e em sentido ascendente, os olhos se encontrariam, os lábios trocariam ternos beijos, os corpos ao prazer do toque se entregariam. Se o olhar fosse vertical... Mas toda reta inicia-se de um ponto, mas que nunca seja um ponto final...

    Adorei a postagem.

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  2. Um ponto. "Taí"...um ponto. Vertical ou horizontal, que seja sempre para o princípio, meio, princípio e meio, princípio e meio...princ..e..me..

    Antonio, obrigada.

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