segunda-feira, 29 de junho de 2015

Uma carta para o cara que terá meu coração



Ao som de Temple, do Kings of Leon

Ao amor que melhor terá minhas verdades,
dedico esta carta de amor.

Há algum tempo perdi a prática em escrever cartas. Por conta do tempo, da necessidade, da pressa, da objetividade, tenho optado pelos bilhetes. Só que hoje é diferente. Hoje decidi  preparar toda a essência da minha habilidade destra e toda a tinta preta da caneta para escrever pra você. Precisava ter certeza que cada sensação minha seria perceptível em minhas letras caligrafadas. Precisava me certificar que o desdobrar do papel seria o suficiente para te despertar a curiosidade - e, quem sabe, até meu perfume conseguisse perceber. Enfim, esta carta aqui é pra você. Toda pra você. Do início ao fim. De parágrafo a parágrafo. Letra a letra. Pedaço de mim a pedaço de mim. Feita pra ti com todo o amor que há.

Te escrevo por medo: medo de perder as palavras, de esquecer o que tenho para dizer, pois, como já deu  pra sacar, você ainda não veio. Você virá, sei bem disso, você virá. Mas eu quero que você saiba que o caminho pra cá é seguro, e é por esta razão que tô desenhando meu coração aqui. Que fique bem claro que apesar da minha anunciação antecipada, eu tenho calma. Por todas as borboletas presas no meu estômago, eu tenho calma. Faço isso pela gente porque amor é feito de um pouco de fé e resiliência.

Te escrevo porque sempre quis te encontrar. Gosto da palavra disponibilidade, que no meu dicionário particular tem por sinônimo "querer", porque só se entra na vida de alguém muito mais além do que se pode é quando se deseja. Lamento sempre, de certo modo, pelos adeus da vida, mas de umas estações para cá admito que despedir-se é uma nova chance para encontrar. E tô tentando reiterar teu ingresso com este pedaço de desabafo, que é para saberes o tanto que tua 'chegança' é esperada.

Te escrevo porque nunca vou sentir o mesmo por alguém. Tenho a mais absoluta certeza disto. A gente encontra pessoas por aí o tempo todo, feito quando se anda pelo metrô. Cria umas histórias mais ou menos assim como as dos comerciais de margarina e, muitas, muitas vezes, escreve as mesmas cartas de amor para destinatários diferentes. Percebe que neste pedaço de papel não tem muita poesia, mas tem tanto de mim, um "mim" que nunca-jamais, além de você, alguém será capaz de descobrir. Acho que isso se chama fidelidade e é o que eu tenho pra te dar.

Essa carta tá fugindo ao modelo tradicional das cartas de gente apaixonada, mas sei que não andou dispensando os clichês de todas elas, só que o primordial tá comigo: ela não fugiu de mim um só minuto. Ela não deixou de ser sua uma só parte. Te coloquei nos meus projetos, te coloquei nas minhas escolhas, te coloquei nos meus sonhos e tô te "devolvendo" o que uma vida inteira foi se montando com carinho. Te escrevi assim, meio sem glamour, mas com tanta vontade, que se você soubesse a completude dos meus sentimentos, tu sorririas mais logo. Te escrevi bem atropeladamente, eu sei, entretanto

se eu te escrevi foi porque te escolhi. Isso é tudo, amor.


2 comentários:

  1. Incrível. Obrigada por ter me dado a oportunidade de ler algo tão lindo
    Camila Soares

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