segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A desconsertante imensidão da descoberta do outro [Ensaio?]

Desde que o ano de 2010 começara venho propagando a mesma certeza: " 2010 é o ano das mudanças, segundo nossos adoráveis tarólogos, astrólogos, ubandistas e etc e tals". Concordo. Eis o ano da mudança.

É fatídico ao ser humano apaixonar-se. Pois sim, eu iniciara meu ano par apaixonada - não sei bem se esse adjetivo se adequa ao que fora minha entrada de ano, mas, para sintetizar algumas citações desnecessárias, usemo-os.

Enfim. Amanheci em 2010 tomada por um furor sentimental digno de diversos suspiros, descordâncias sintagmáticas e outros tantos de devaneios. A pessoa pela qual me interessei fazia parte do estilo vintage do mundo masculino. Apesar de alguns degraus acima de minha razão, era um estagiário deste estilo, contudo, não me fazia muita diferença. Meu tomador de suspiros era uma pessoa detentora de gostos musicais comuns aos meus, entretanto, era especificamente focado a só um deles. No mais, era lucro para mim. E, eis o pulo do gato: o tal do conhecimento e o lucro para mim.

Eu, com toda minha astúcia, atrevi-me a verificar seus contatos. Descobri o velho e bom mSN; o anunciador de vidas aheias, Orkut; e o demostrativo de ações, Twitter. Destrinchei "de cabo a rabo", cautelosamente,  todos eles, a fim de desfragmentar a pessoa de meu interesse. Consegui o suficiente para tornar-me quase eloquente à respeito da mesma.

Na incansável saga da paixonite, passei a estabelecer contatos com meu ladrão de sossego. Nos contactávamos sempre e de vez em quando.....E, por ser dominante na área em que trabalha, e eu, apenas amadora, resolvi que deveria ( para o devido sucesso da operação) inteirar-me muito mais de seu trabalho com música. Para tal consagração, deparei-me com algumas horas junto ao meu ARES e páginas e páginas de busca no tio Google.



[Daí, a tomada irreversível  do mundo ao lado]



continua.....


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A três passos de um lugar assim.....

Bem, você, melhor que eu, foi embora há uns seis anos (mais ou menos), e.... por aqui nos deixou.

O tempo passou. Eu, por ironia do destino, cresci. E você ainda permanece do outro lado desta imensidão continental que nos separa. Mas, eu sei: você foi embora para voltar. Entretanto, eu continuo aqui.

“Para você guardei o amor que eu sempre quis dá.” Estão comigo: a nossa trilha de amor; minhas futuras flores e seus tão esperados porta-retratos. Na caixa, no vão do criado mudo, estão as fotos de nossa primeira viagem. Na porta da geladeira, um post-it meu (cor-de-rosa pink, que você não suporta) lembrando-o para comprar a ração de nossa gatinha. 

Avisto, de longe e ao longe, o seu tênis destruindo a decoração da minha sala. Dou uma pequena passeada pelo corredor e, esbarro no vaso de flores que tu colocaste para complementar minha mania de reavivar os ambientes. 

Escondida, encontrei a garrafa de Coca-cola que você jurou não ter trazido do supermercado. Um pouco mais embaixo, vejo que você deixou a barra de chocolates que eu amo – não mais que você – presa a uma fita, no fundo do armário, só para eu ter o trabalho de retirá-la dali e começar a te gritar e você, educadamente, sorrir da minha cara, encostado na porta.

No quarto, bem ao lado da cama, reside nosso pequeno diário – você, como sempre a me apoiar, resolveu escrever à quatro mãos, o meu tão sonhado livro. Minha mesa de estudos não existe mais: você a transformou em sua biblioteca vertical......não há mais espaço nem mesmo para o meu despertador em formato de vaquinha. E você continua a rir da minha cara, mas agora, seguido de um abraço...finalizado com um beijo – sabor suco de laranja “Laranja Caseira”.

Eu ainda me atrapalho em algumas tarefas. E você me chama de lerda. Eu chego em casa e brigo com você. Você chega em casa e briga comigo. Briga feio...brigo feio.......E é então que descobrimos o quanto nos amamos. Eu peço desculpas e você nem me nota. Vou em direção à noite e quando a alcanço, é você, todo irradiado, que encontro.

Podemos girar, girar...over and over again......e sempre pararemos em um mesmo lugar: na porta de nossa casa.



[Com as compras do supermercado nas mãos.]




quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Obrigada, Deus

Sabe, eu penso muito. Analiso cada passo meu - e cada passo do amigo ao lado. Mas, é com ELE que eu realmente aprendo. Sim. Quando estou com dúvidas, medos, receios e sou pequeninha demais para caminhar sozinha, é a ELE que peço a mão.

Para agradecer e para pedir - peço, peço mesmo, e pedirei quantas vezes for preciso. ELE está comigo sempre, principalmente nos momentos que, por um milésimo de segundo, na infinitude de minha ignorância,  erro ao pensar que ELE está ocupado o bastante  e o suficiente para me ouvir......

Não. Ele não está ocupado. Ele está sempre.....em tudo aquilo que vês......
A ELE, atribuo minhas vitórias e todo o meu aprendizado. Para cada dúvida e cada passo inseguro, inocentemente considerado como solitário, atribuo a superação ao Senhor.  E para cada passo deste.....que eu der.....pegarei nas tuas mão e seguirei ao eu lado.






Obrigada por fazer da minha vida, VIDA.




[ Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Salmo 23]






terça-feira, 12 de outubro de 2010

A falta que você NÃO me faz




Eu tomei coragem e mandei-te para longe. De uma vez. Recitei, no mais alto delicar, tudo aquilo que havia guardado esse tempo inteiro. Logo após, senti o ar astucioso do orgulho - de mim mesma - pairando por toda a minha lucidez. Sim, muito obrigada pela aula de "Como emburrecer em sete meses".....but, seguindo o exemplo de muitos alunos rebeldes, tantos atrevidos, diversos petulantes e menos medrosos, recusei-me a cursar esta disciplina. Abandonei-a. 





 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

No princípio era anormalidade [eu analiso dragões, estrelas e pulgas, só para não perder a viagem]

Século XXI. Século das mass medias e de tudo aquilo que Karl Marx deixara  reservado como  souvenir para todos nós. No princípio era o verbo: no modo imperativo, diga-se de passagem. No fim, mais uma vez, o verbo...e em modo respectivo, só que agora do tempo presente. O que esperar de mim mesma???? Não no amanhã, é no agora mesmo.

Excercitando um pouco de minha capacidade interpretativa da semiótica da vida, deparei-me com algumas inquietações no que diz respeito às minhs escolhas e minhas outras tantas prioridades. No berço de meus ímpares dezenove anos, não caibo na realidade apresentada diante meus olhos. Não me vejo como outrem, tampouco, compartilhadora de algumas filosofias convencionais e convencionadas. O fato é que, Paro e Me Pergunto, se não ando me constituindo um ser desprovido de celebrações extra-acadêmicas-profissionais.

[eu analiso dragões, estrelas e pulgas, só  para não perder a viagem] 

Confesso, descaradamente, que tenho medo de escolher a letra errada. Passar para a academia da vida não recomendável para garotinhas  na  essência furta-cor dos 30, e, em um futuro próximo, não corresponder às expectativas legitimadas a um ser de vida própria.  Só para não perder a viagem, tenho razões esboçadas para querer arquivar minhas fotos em uma máquina de capacidade irrisória, se comparada à minha fábrica de sinapses.

Desconfio seriamente de minha coordenação psíquica. Não, eu nao sou louca: apenas uma locomotiva meio desenfreada.....Nada mais que um amontoado de ferro , com um músculo pungente - regado a mil brasas......pertinente à ferrovias e outras alegorias de fumaça.

Eu e minhas metáforas procuramos corroborar um pouquinho com este meio mundo de sensações. Ao certo, não me encho de certezas e de  valorizações a respeito do "around my place". Só não consigo estipular em quais linhas deveria escrever as paráfrases do meio-mundo. Será se estou a realizar tudo certo, e não estou  a gastar meu fast time com futilidades convecionadas como obrigações patológicas de nosso dependioso conhecimento????



[ uma reflexão mal elaborada para um futuro furta-cor]

domingo, 3 de outubro de 2010

A folha do calendário - Parte 1 (conto)

E foi assim: ela sentada, encolhidamente, afetada pela notícia. Ele, fitava a janela  na tarde cinzenta de domingo. A trilha sonora: o choro de Eduarda ao fundo. Ele, Matheus, jamais poderia ter dito aquelas palavras àquele frágil coração. Mas o fez. O fez ao ponto de derrubá-la, de modo arrebatador, ao chão. 

Por muito tempo eles sonharam viver intensamente um ao lado do outro..... assim como o casadinho da padaria da esquina: todos os dias, ambos estavam lá, grudadinhos. Passaram-se algumas horas e, não houvera nenhum avanço entre os dois. Ele fora sucumbido pela derrota que sua enunciação provocara: estava, agora, solitariamente, com a face enterrada sob os travesseiros no quarto. Lágrimas corriam pelo seu rosto e findavam-se na última marca de felicidade.

Eduarda, ainda meio descoordenada das ideias, atravessara o quarto à meia luz. Delicadamente, deitou-se à sua frente na cama e, suscitou o princípio da poesia:

E: posso ficar com você?
M: não.
E: por quê?
M: você sofrerá ao meu lado e isso não é certo.
E: e o que é certo?
M: a folha do calendário.
E: não.
M: tah. e o que é certo, então??
E: tudo aquilo que você não considerar certo.
M: um mês?
E: sim, um mês.

E então, seguiu-se a noite. Matheus adormeceu no colo de Duda - como costumava chamá-la. E a folha do calendário estava só começando.


[continua]

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hoje à tarde resolvi arrumar um velho armário


Hoje à tarde, resolvi arrumar um velho armário com o intuito de retirar velhos livros e alguns tantos de poeira. Certo. Às três da tarde, iniciara eu a faxina. Liguei o som. Comecei a resgatar as pequenas lembranças.... Entre um amontoado de livros, formigas e futuras acomodações de seres amantes de papéis, deparo-me com alguns cartões de embarque rumo a um tempo que não voltará mais.
Abro, com certa cautela, uma pasta com um identificador em cima (tenho certa mania de metodismo) que dizia “Atividades 2º ano”. Nela continha algumas provas, atividades e cópias, do meu efêmero Ensino Médio. Notas bonitas, notas nem tão bonitas assim...Ensaios de trabalhos quase acadêmicos e umas carta anteriores a este momento; cartões de meu pai e de minhas amigas de infância....e, ao fundo, no som daqui de casa, Bad Day, do Powter.
Requisitei minha memória para que regredisse alguns anos. Lembrei-me das jovens tardes de semana-inteira em que tinha dois horários seguidos de Química e tinha eu, a obrigação de matar a fome com o vento ateh chegar o anoitecer das 18:30. Foi então , que, algumas lágrimas caíram quando ouvi o som de Metrô. Relembrei, rapidamente, as aulas de literatura, pois, encontrara uma de minhas produções "quase-análise" de O Crime do Padre Amaro. Além dos seminários resultantes de pesquisas, das atividades de química e das notas vermelhas que continham em algumas provas de matemática. Voltei ao tempo
Pensei se deveria rasgá-los ou, arquivá-los. Resolvi jogá-los ao lixo. Não para apagar a/da memória estes bons tempos, mas, para não deixar que os mesmos fossem devorados pelas traças que não pertencem a minha plêiade.
Perdem-se, ao som de Daughter, do Pearl Jam, o ensaio de um livro de comentários, um roteiro de filme, mais um estudo de Machado, outras razões de Biologia e uns demais de História. Ao som de Colors, do Amos Lee, sinto o peso de cada folha ao cair sobre as demais, no montinho que se forma no chão da cozinha. E me dói saber que tudo aquilo está indo embora.
Ana Carolina grita Confesso lá atrás. Enquanto, já com outras lágrimas nos olhos, redescubro as apostilas Positivo da oitava série – todas em perfeito estado. Uma música bem temática me mostra uma casinha antiga de algum ser que eu tenho um desprazer, Desculpa o Auê, da Lee – um pequeno auê arquitetei, devido este ser inescrupuloso, ter feito casinha na espiral de minhas apostilas.
Uma melodia bem Leblon, com Norah Jones, tonaliza o meu achado das revistas destinadas ao público que é Mestre, Professor ou Tia, mesmo. Uma sonoplastia favorável para se pensar: o sucesso na arte de construir outrem está próximo e, no fim, me faz lembrar como isso é bom. Parada para o flashback.
E mais achados: livros da minha mãe, e em um material, que de longe avistei um buraquinho proveniente de mais um serzinho cujo eu tenho pavor: retruquei-me e resolvi deixá-lo para trás – não queria ter de olhar para uma traça e deixá-la sorrir, debochadamente, de meu desespero.  
Sugestivamente, com Together, do Bob Sinclair, foram para o lixo  muitas lembranças físicas do Terceiro Ano. Infidáveis desenhos de química orgânica e física; juntamente com dois ou três “hums” em matemática ( tirei "hum", ok. Contudo, passei de primeira no vestibular da Estadual daqui., certo?) E no final da pasta, um conjunto de casas para recorte e montagem que eu havia ganho de alguém inexistente em minha lembrança, agora. 

Seguiram para o fim também alguns de meus anseios de ser eterna, de ser, fisicamente, gélida. 

Fechei o saco e lancei-me à porta. Hora de colocar tudo "lá, fora". Para irem e só.