quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O belo traço da juventude

Hoje tive a oportunidade de compartilhar um pouco da minha vida corrida com uma jovem. Baixa, branca, dona de carinhosos cabelos dourados, olhos vivos e traços faciais arredondados. Passamos mais de um quarto de hora a conversar sobre o propósito que nos levara até ali e, também, trocarmos enunciações cronológicas e retóricas acerca de nossa vivência. Foi então que me dei conta que estava, possivelmente, diante do futuro - do meu futuro. Adiantei-me, por alguns milésimos de segundos, em um futuro não muito perto, mas, em compensação, provável. Imaginei-me assim como ela: forte, esperançosa, acolhedora e apaixonada. Sim, apaixonada. Raciocinei com outros tantos de neurônios a respeito da chance, da probabilidade e da entrega ao sexagenarismo. Da dor e dar realização que o mesmo traz consigo. Perdi-me, naqueles minutos, em minha vida progressa - não que a minha seja, no futuro, da mesma forma, mas sim.......serei sexagenária. Vi tamanha magnitude da vida, tamanho compêndio de experiências materializados naquele ser nobre. Nobre de alma, nobre de pele, nobre de nome. Reduzi-me para tentar ver com um pouco mais de calma o que é a vida. Abracei aquelas palavras ditas, educadamente elaboradas e maternalmente doadas. Vi a vida hoje, não sei se pela primeira vez, mas, não mais a última.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lord,

"I want to thank you
For giving me the best day of my life
Oh just to be with you
Is having the best day of my life
[...]
And even if my house falls down now
I wouldn't have a clue
Because you're near me and"

Uma carta de amiga, para uma mente de lembranças

Dear, 

o Natal passou e não pude, se quer, desfrutar de um abraço teu. Neste momento, pesei todas as nossas realizações, todas as parcerias e outros tantos desentendimentos. É, eu continuo a sentir - incansavelmente-  a sua falta. Sei até onde erramos e, sei mais ainda, a escolha de cada um de nós. Não. Eu não exagero. Eu apenas sinto: a falta do seu abraço, da nossa divisão, dos nossos diálogos e, no mais, de nossa parceria.

A distância que nos separa é tão visível quanto a razão da mesma. Não é por ciúme, é por racionalização. Sinto tanto em ver nosso espaço desaparecendo a cada dia. Prefiro isolar-me a ter de compartilhar com discordâncias. Eu não sei ser assim. Tampouco, fingir. Fico de coração partido quando vejo você - bem do outro lado. Não que você não possa conhecer outras pessoas - contudo, repetir a mesma novela??? Eu, em minha sã consciência, nunca imaginaria esse sobressalto. Mas, enfim, " a vida é feita de escolhas"........ Meu maior medo é ser orgulhosa ao ponto de dizer, no momento mais oportuno, um NÃO. 

Eu tenho poucas certezas a respeito de nossa relação - pós distância. Isso porque tu me fragmentaste, logo após sua escolha. E por estar confusa e desfragmentada, é que não sei se estarei recomposta quando você voltar - se você voltar. Lúcida, sim. Segura, não. Registro, então: uma declaração de amor de amigo; um Feliz Natal atrasado; um 2011 de sucesso e um abraço - daqueles que somente nós trocamos. Que fique registrado a tristeza ocasionada pelo silêncio. Coisas que afligem meu coração.


Abraços, Vanessa.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Apagar-me



Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

paulo leminski

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"as impaciências dos dias passados"




"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"



O Primo Basílio, Eça de Queiroz

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

After



Quando não puderes mais ver verdade em meus olhos e, tampouco compreendê-los, deixe-me ir. Deixe-me levantar, tropeçar mais adiante e não corresponder com um olhar retrógado direcionado a você. Seja suficientemente frio para abandonar-me. Sumariamente sarcástico para olhar-me com desdenha e masculinamente orgulhoso para não tomar-me pelos braços. Enfim, se for o caso, exteriorize sua raiva, seu descontentamento ou sua dor. Se for o caso.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Permito-me silenciar, agora

Perguntei-me diversas vezes, em diversos momentos, de diversas formas e à diversas pessoas se eu deveria ir até você, para trocarmos um livro de palavras. Resultado: escolhi silenciar-me. Tornar-me filha do tempo e, consequentemente, submeter-me ao patriarcalismo do tic-tac do romance temporalizado. 


Perguntei-me se estava errada. Se EU era a errada da novela das sete. Não mais que um quarto de hora foi o suficiente para iniciar a minha mudez. Minha introdução no buraco branco. E você e a meia dúzia de felinos escaldados calaram-me. 

Permito-me silenciar, agora.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os tapas que tenho levado da vida

 Vivo intensivamente um momento de transição: novas expectativas, novos anseios, vitórias espreitadas por sonhos e, em contrapartida, outras tantas quedas, desilusões e tapas a perder de vista.

A linearidade a qual pertence minha sagatiba diária reside no levantar de mãos diretas em minha inocente e ingênua face. A cada novo capítulo, uma pedra estendida em meu caminho; uma nova queda - seguida, sob grande ressalva, de um levantar a sôfregos, incitado por algumas escoriações. Contudo, lá no fundo, a dor persiste e insiste em refutar-me. 

Minhas ideias se sobrecarregam de uma sentimentalidade especial: fomentada por aqueles que já não me examinam e, nem mesmo, compartilham de momentos verdadeiros - eu, muito prazer, sou a atriz da novela das oito.

[...] Não consigo dizer se é bom ou mal
Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá o que quer que eu faça [...]

Reluto para que as coisas deem certo. Para que eu não  troque as vias e não cante em "português errado". Já não me permito permitir. O buscar da solidão é visivel a olho nu e às palavras não pronunciadas: Eu não quero mais que seja assim. Esse "assim", termo de cunho atemporal. E me dói, e eu me machuco. E eu sinto saudades. E choro. Choro porque sou sensível de espírito. Choro pela perda inesperada, pelo querer de adeus e pela vontade de volta. E as palavras já não me cabem. E a aflição já não me faz bem. E eu retorno ao passado: ele está lá, pronto para fazer-se presente, em um futuro que rezo que aconteça  ou que se desfaça. E EU choro mais uma vez . Porque eu exagero - exagero no real para não sonhar com pouca coisa.

E eu choro mais uma vez: para que a poesia e a profecia não se despeçam.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Viajar.......


"Estou a dois passos do paraíso
Não sei se vou voltar
Estou a dois passos do paraíso
Talvez eu fique, eu fique por lá
Estou a dois passos do paraíso
Não sei porque que eu fui dizer bye bye
Bye bye, baby, bye bye"

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um mês



"[...] Quanto tempo será que demora
Um mês pra passar?
 
Ser campeão da copa do mundo
Um dia em Saturno
Pra criança que não sabe contar vai levar um tempão."

Surrender to me

"Lay down your arms and surrender to me.
Oh lay down your arms and love me peacefully. Yea.

Use your arms for squeezing and pleasing
the one who loves you so.

Oh there ain't no reason for you to declare war on the
one who loves you so.
So forget the other boys because my love is real.
Come off your battlefield. [...]" 
 
Soldier of love - Pearl Jam


Segredo













Eu ia te contar tudo que sinto há tanto tempo
se é miragem, você vai dizer
Irá se revelar um mar de sentimentos
Ainda hoje eu vou te ver
Eu ia te contar tudo que sinto há tanto tempo
Tô a dez minutos de você
Irá se revelar um mar de sentimentos
Ainda hoje eu vou te ver

você é tudo - jorge vercilo

domingo, 12 de dezembro de 2010

Unidos


"Vou te pegar na sua casa, deixa tudo arrumado
Vou te levar comigo pra longe"


vou te levar comigo - biquini cavadão

O que passou......é passado - ainda a sôfregos

"Aprendi o que era certo com a pessoa errada."



Alma












"Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver"

Linha do Equador - Djavan

Stop

É porque agora eu preciso de um pouco mais de espera. Sim. É porque agora tudo é mais sério e eu preciso dar um pouco mais de mim. É porque agora eu já divido a caixa de chocolates, a pipoca do cinema e alguns acessos de sentimentalidade. É porque agora virei - de uma vez - mocinha e a hora definitiva da caminhada pelo mundo , sem a sombra do guarda-chuva, chegou.

Minha espera. Espera.

É porque eu preciso esperá-lo, para que ele absorva as verdades da vida e de minhas vicissitudes. É porque, comigo, ele caminhará por uma estrada distinta e eu precisarei parar......e parar um pouco mais É porque eu terei de explicar, refazer, redizer e compartilhar aquilo que não se faz vistos aos seus olhos. É porque eu quero esprerar um pouco mais......



.... para continuar a ser feliz.

É porque eu quero esperar para executar o tempo a meu favor. É porque eu quero ser filha da vida e mãe das escolhas. É porque eu preciso encontrar-me sóbria depois do último gole de licença poética. É porque eu preciso saber um pouco mais de tudo.....


... para do tudo fazer um pouco mais de mim.

Espero.



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

 
 
"Este é o jeito que eu estou aprendendo a respirar
Aprendendo a engatinhar
Estou descobrindo que você e só você pode acabar com a minha queda .
Estou vivendo novamente, animado e vivo.
Estou morrendo pra respirar nesses céus abundantes"
 
 
Learning to breathe, Switchfoot

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

a SUSTENTÁVEL leveza do ser..........




 
E  assim falou Einstein.

Outros passos, outros abraços e novos tempos

E quando nós menos esperamos. E quando - menos e mais - desejamos. E quando nos apropriamos e nos desapegamos. E quando tudo flui. Fruto. E quando nos deparamanos, e quando paramos. Eis o meio, o fim e o princípio. Mudança.

Virei a página 57 e deparei-me, desprevinida, com o iniciar de um novo capítulo, na página 56. Desprevinida. Completamente pega de surpresa. Não mais que uma nova página, mas um novo livro.

Metaforicamente iniciada a página 56.

" Querido Mr. Jones,

seja bem-vindo ao meu rústico palacete. Por favor, não repare na bagunça, na desorganização inadequada a um lugar do tipo. Esteja à vontade para sentir-se em casa, livre para trafegar pelos corredores, desfrutar de nossos aposentos e relaxar sob as árvores de meu jardim. Quanto a minha biblioteca, peço-lhe apenas que deposite nela uma certa carga de carinho e outro tanto de respeito. Minha essência está lá. Entremeada a palavras que, possivelmente (devido a quantidade de volumes na estante) não serão ditas.

Obrigada."

domingo, 7 de novembro de 2010

O parreiral que plantei começou a ficar pronto

Mamãe e Papai sempre me ensinaram a plantar minhas próprias parreiras. Sim, desde pequenina fui intimada a ser empreendedora. Comecei meio a alguns tropeços, tombos e aquisições de marquinhas pelo corpo. Mas, cresci. 

Durante meus investimentos iniciais questione-me diversas vezes se, aprendiz de "lavradoura", conseguiria por mim mesma conquistar meus primeiros clientes e desfrutar dos lucros subsequentes. Papai e Mamãe sempre foram meus conselheiros nas reuniões da empresa. Até que um dia, eles , educadamente, pediram férias expandidas, - mas deixaram claro que, se eu precisasse, poderia enviar-lhes um e-mail ou fazer uma ligação internacional. Coisa de quem provém de uma família de business......

Enfim, fui com a cara e a coragem assinar diversos contratos. Provei, em algumas feiras comerciais, os melhores vinhos, os melhores fermentados. Contudo, percebi que diante das maravilhas que ali se apresentavam....nenhuma delas eram de minha safra.

Tempos depois, fui informada que meu primeiro cacho de uvas havia    


caído.

O primeiro da colheita.



[Amadureceram - tanto ele, quanto eu. E os outros ainda estavam por vir.....
Tanto eles, quanto eu.]

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A desconsertante imensidão da descoberta do outro [Ensaio?]

Desde que o ano de 2010 começara venho propagando a mesma certeza: " 2010 é o ano das mudanças, segundo nossos adoráveis tarólogos, astrólogos, ubandistas e etc e tals". Concordo. Eis o ano da mudança.

É fatídico ao ser humano apaixonar-se. Pois sim, eu iniciara meu ano par apaixonada - não sei bem se esse adjetivo se adequa ao que fora minha entrada de ano, mas, para sintetizar algumas citações desnecessárias, usemo-os.

Enfim. Amanheci em 2010 tomada por um furor sentimental digno de diversos suspiros, descordâncias sintagmáticas e outros tantos de devaneios. A pessoa pela qual me interessei fazia parte do estilo vintage do mundo masculino. Apesar de alguns degraus acima de minha razão, era um estagiário deste estilo, contudo, não me fazia muita diferença. Meu tomador de suspiros era uma pessoa detentora de gostos musicais comuns aos meus, entretanto, era especificamente focado a só um deles. No mais, era lucro para mim. E, eis o pulo do gato: o tal do conhecimento e o lucro para mim.

Eu, com toda minha astúcia, atrevi-me a verificar seus contatos. Descobri o velho e bom mSN; o anunciador de vidas aheias, Orkut; e o demostrativo de ações, Twitter. Destrinchei "de cabo a rabo", cautelosamente,  todos eles, a fim de desfragmentar a pessoa de meu interesse. Consegui o suficiente para tornar-me quase eloquente à respeito da mesma.

Na incansável saga da paixonite, passei a estabelecer contatos com meu ladrão de sossego. Nos contactávamos sempre e de vez em quando.....E, por ser dominante na área em que trabalha, e eu, apenas amadora, resolvi que deveria ( para o devido sucesso da operação) inteirar-me muito mais de seu trabalho com música. Para tal consagração, deparei-me com algumas horas junto ao meu ARES e páginas e páginas de busca no tio Google.



[Daí, a tomada irreversível  do mundo ao lado]



continua.....


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A três passos de um lugar assim.....

Bem, você, melhor que eu, foi embora há uns seis anos (mais ou menos), e.... por aqui nos deixou.

O tempo passou. Eu, por ironia do destino, cresci. E você ainda permanece do outro lado desta imensidão continental que nos separa. Mas, eu sei: você foi embora para voltar. Entretanto, eu continuo aqui.

“Para você guardei o amor que eu sempre quis dá.” Estão comigo: a nossa trilha de amor; minhas futuras flores e seus tão esperados porta-retratos. Na caixa, no vão do criado mudo, estão as fotos de nossa primeira viagem. Na porta da geladeira, um post-it meu (cor-de-rosa pink, que você não suporta) lembrando-o para comprar a ração de nossa gatinha. 

Avisto, de longe e ao longe, o seu tênis destruindo a decoração da minha sala. Dou uma pequena passeada pelo corredor e, esbarro no vaso de flores que tu colocaste para complementar minha mania de reavivar os ambientes. 

Escondida, encontrei a garrafa de Coca-cola que você jurou não ter trazido do supermercado. Um pouco mais embaixo, vejo que você deixou a barra de chocolates que eu amo – não mais que você – presa a uma fita, no fundo do armário, só para eu ter o trabalho de retirá-la dali e começar a te gritar e você, educadamente, sorrir da minha cara, encostado na porta.

No quarto, bem ao lado da cama, reside nosso pequeno diário – você, como sempre a me apoiar, resolveu escrever à quatro mãos, o meu tão sonhado livro. Minha mesa de estudos não existe mais: você a transformou em sua biblioteca vertical......não há mais espaço nem mesmo para o meu despertador em formato de vaquinha. E você continua a rir da minha cara, mas agora, seguido de um abraço...finalizado com um beijo – sabor suco de laranja “Laranja Caseira”.

Eu ainda me atrapalho em algumas tarefas. E você me chama de lerda. Eu chego em casa e brigo com você. Você chega em casa e briga comigo. Briga feio...brigo feio.......E é então que descobrimos o quanto nos amamos. Eu peço desculpas e você nem me nota. Vou em direção à noite e quando a alcanço, é você, todo irradiado, que encontro.

Podemos girar, girar...over and over again......e sempre pararemos em um mesmo lugar: na porta de nossa casa.



[Com as compras do supermercado nas mãos.]




quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Obrigada, Deus

Sabe, eu penso muito. Analiso cada passo meu - e cada passo do amigo ao lado. Mas, é com ELE que eu realmente aprendo. Sim. Quando estou com dúvidas, medos, receios e sou pequeninha demais para caminhar sozinha, é a ELE que peço a mão.

Para agradecer e para pedir - peço, peço mesmo, e pedirei quantas vezes for preciso. ELE está comigo sempre, principalmente nos momentos que, por um milésimo de segundo, na infinitude de minha ignorância,  erro ao pensar que ELE está ocupado o bastante  e o suficiente para me ouvir......

Não. Ele não está ocupado. Ele está sempre.....em tudo aquilo que vês......
A ELE, atribuo minhas vitórias e todo o meu aprendizado. Para cada dúvida e cada passo inseguro, inocentemente considerado como solitário, atribuo a superação ao Senhor.  E para cada passo deste.....que eu der.....pegarei nas tuas mão e seguirei ao eu lado.






Obrigada por fazer da minha vida, VIDA.




[ Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Salmo 23]






terça-feira, 12 de outubro de 2010

A falta que você NÃO me faz




Eu tomei coragem e mandei-te para longe. De uma vez. Recitei, no mais alto delicar, tudo aquilo que havia guardado esse tempo inteiro. Logo após, senti o ar astucioso do orgulho - de mim mesma - pairando por toda a minha lucidez. Sim, muito obrigada pela aula de "Como emburrecer em sete meses".....but, seguindo o exemplo de muitos alunos rebeldes, tantos atrevidos, diversos petulantes e menos medrosos, recusei-me a cursar esta disciplina. Abandonei-a. 





 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

No princípio era anormalidade [eu analiso dragões, estrelas e pulgas, só para não perder a viagem]

Século XXI. Século das mass medias e de tudo aquilo que Karl Marx deixara  reservado como  souvenir para todos nós. No princípio era o verbo: no modo imperativo, diga-se de passagem. No fim, mais uma vez, o verbo...e em modo respectivo, só que agora do tempo presente. O que esperar de mim mesma???? Não no amanhã, é no agora mesmo.

Excercitando um pouco de minha capacidade interpretativa da semiótica da vida, deparei-me com algumas inquietações no que diz respeito às minhs escolhas e minhas outras tantas prioridades. No berço de meus ímpares dezenove anos, não caibo na realidade apresentada diante meus olhos. Não me vejo como outrem, tampouco, compartilhadora de algumas filosofias convencionais e convencionadas. O fato é que, Paro e Me Pergunto, se não ando me constituindo um ser desprovido de celebrações extra-acadêmicas-profissionais.

[eu analiso dragões, estrelas e pulgas, só  para não perder a viagem] 

Confesso, descaradamente, que tenho medo de escolher a letra errada. Passar para a academia da vida não recomendável para garotinhas  na  essência furta-cor dos 30, e, em um futuro próximo, não corresponder às expectativas legitimadas a um ser de vida própria.  Só para não perder a viagem, tenho razões esboçadas para querer arquivar minhas fotos em uma máquina de capacidade irrisória, se comparada à minha fábrica de sinapses.

Desconfio seriamente de minha coordenação psíquica. Não, eu nao sou louca: apenas uma locomotiva meio desenfreada.....Nada mais que um amontoado de ferro , com um músculo pungente - regado a mil brasas......pertinente à ferrovias e outras alegorias de fumaça.

Eu e minhas metáforas procuramos corroborar um pouquinho com este meio mundo de sensações. Ao certo, não me encho de certezas e de  valorizações a respeito do "around my place". Só não consigo estipular em quais linhas deveria escrever as paráfrases do meio-mundo. Será se estou a realizar tudo certo, e não estou  a gastar meu fast time com futilidades convecionadas como obrigações patológicas de nosso dependioso conhecimento????



[ uma reflexão mal elaborada para um futuro furta-cor]

domingo, 3 de outubro de 2010

A folha do calendário - Parte 1 (conto)

E foi assim: ela sentada, encolhidamente, afetada pela notícia. Ele, fitava a janela  na tarde cinzenta de domingo. A trilha sonora: o choro de Eduarda ao fundo. Ele, Matheus, jamais poderia ter dito aquelas palavras àquele frágil coração. Mas o fez. O fez ao ponto de derrubá-la, de modo arrebatador, ao chão. 

Por muito tempo eles sonharam viver intensamente um ao lado do outro..... assim como o casadinho da padaria da esquina: todos os dias, ambos estavam lá, grudadinhos. Passaram-se algumas horas e, não houvera nenhum avanço entre os dois. Ele fora sucumbido pela derrota que sua enunciação provocara: estava, agora, solitariamente, com a face enterrada sob os travesseiros no quarto. Lágrimas corriam pelo seu rosto e findavam-se na última marca de felicidade.

Eduarda, ainda meio descoordenada das ideias, atravessara o quarto à meia luz. Delicadamente, deitou-se à sua frente na cama e, suscitou o princípio da poesia:

E: posso ficar com você?
M: não.
E: por quê?
M: você sofrerá ao meu lado e isso não é certo.
E: e o que é certo?
M: a folha do calendário.
E: não.
M: tah. e o que é certo, então??
E: tudo aquilo que você não considerar certo.
M: um mês?
E: sim, um mês.

E então, seguiu-se a noite. Matheus adormeceu no colo de Duda - como costumava chamá-la. E a folha do calendário estava só começando.


[continua]

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hoje à tarde resolvi arrumar um velho armário


Hoje à tarde, resolvi arrumar um velho armário com o intuito de retirar velhos livros e alguns tantos de poeira. Certo. Às três da tarde, iniciara eu a faxina. Liguei o som. Comecei a resgatar as pequenas lembranças.... Entre um amontoado de livros, formigas e futuras acomodações de seres amantes de papéis, deparo-me com alguns cartões de embarque rumo a um tempo que não voltará mais.
Abro, com certa cautela, uma pasta com um identificador em cima (tenho certa mania de metodismo) que dizia “Atividades 2º ano”. Nela continha algumas provas, atividades e cópias, do meu efêmero Ensino Médio. Notas bonitas, notas nem tão bonitas assim...Ensaios de trabalhos quase acadêmicos e umas carta anteriores a este momento; cartões de meu pai e de minhas amigas de infância....e, ao fundo, no som daqui de casa, Bad Day, do Powter.
Requisitei minha memória para que regredisse alguns anos. Lembrei-me das jovens tardes de semana-inteira em que tinha dois horários seguidos de Química e tinha eu, a obrigação de matar a fome com o vento ateh chegar o anoitecer das 18:30. Foi então , que, algumas lágrimas caíram quando ouvi o som de Metrô. Relembrei, rapidamente, as aulas de literatura, pois, encontrara uma de minhas produções "quase-análise" de O Crime do Padre Amaro. Além dos seminários resultantes de pesquisas, das atividades de química e das notas vermelhas que continham em algumas provas de matemática. Voltei ao tempo
Pensei se deveria rasgá-los ou, arquivá-los. Resolvi jogá-los ao lixo. Não para apagar a/da memória estes bons tempos, mas, para não deixar que os mesmos fossem devorados pelas traças que não pertencem a minha plêiade.
Perdem-se, ao som de Daughter, do Pearl Jam, o ensaio de um livro de comentários, um roteiro de filme, mais um estudo de Machado, outras razões de Biologia e uns demais de História. Ao som de Colors, do Amos Lee, sinto o peso de cada folha ao cair sobre as demais, no montinho que se forma no chão da cozinha. E me dói saber que tudo aquilo está indo embora.
Ana Carolina grita Confesso lá atrás. Enquanto, já com outras lágrimas nos olhos, redescubro as apostilas Positivo da oitava série – todas em perfeito estado. Uma música bem temática me mostra uma casinha antiga de algum ser que eu tenho um desprazer, Desculpa o Auê, da Lee – um pequeno auê arquitetei, devido este ser inescrupuloso, ter feito casinha na espiral de minhas apostilas.
Uma melodia bem Leblon, com Norah Jones, tonaliza o meu achado das revistas destinadas ao público que é Mestre, Professor ou Tia, mesmo. Uma sonoplastia favorável para se pensar: o sucesso na arte de construir outrem está próximo e, no fim, me faz lembrar como isso é bom. Parada para o flashback.
E mais achados: livros da minha mãe, e em um material, que de longe avistei um buraquinho proveniente de mais um serzinho cujo eu tenho pavor: retruquei-me e resolvi deixá-lo para trás – não queria ter de olhar para uma traça e deixá-la sorrir, debochadamente, de meu desespero.  
Sugestivamente, com Together, do Bob Sinclair, foram para o lixo  muitas lembranças físicas do Terceiro Ano. Infidáveis desenhos de química orgânica e física; juntamente com dois ou três “hums” em matemática ( tirei "hum", ok. Contudo, passei de primeira no vestibular da Estadual daqui., certo?) E no final da pasta, um conjunto de casas para recorte e montagem que eu havia ganho de alguém inexistente em minha lembrança, agora. 

Seguiram para o fim também alguns de meus anseios de ser eterna, de ser, fisicamente, gélida. 

Fechei o saco e lancei-me à porta. Hora de colocar tudo "lá, fora". Para irem e só.

sábado, 25 de setembro de 2010

Papel de recado: um post-it amarelo para você

Não fui hoje porque não queria te encontrar. Sinto muito em revelar, mas, eu não queria te ver. Nem te ouvir, e, muito menos, compartilhar falsos momentos de felicidade -  onde não haveria espaço para ela . Somente restaria entre nós, caso eu fosse, uma "poker face".

O fato era que não esperava uma atitude como a sua. Você sabia: sou sensível, estressada - talvez dramática - contudo, verdadeira quando não estou bem. Errei quando permiti que pulássemos a cerca que separa nossos quintais. Errei nas viagens, nas divisões, nas palavras. Somos vulneráveis.............

Admiro-o muito. Tenho orgulho de afirmar que somos amigos. Entretanto: em crise. Uma  separação momentânea muito doida para mim....muito triste...de partir meu pobre coração. Foi apenas um gesto. Apenas um. Que valeu por muitos livros e muitas enuciações. Doeu. Doeu porque derrubaste a cerca do nosso quintal....do nosso puxadinho. Pior foi quando na falta de sensibilidade, me fizeste chorar. Chorei. Apenas uma lágrima...mas a lágrima da faca: na medida em que escorria pela minha face ........ cortava-me ligeiramente....... de modo tão profundo, que abrira, bem ali, uma fenda entre nós........E eu sei: você não vai compreender.


Deixo a intenção: um post-it amarelo, para você lembrar que as pessoas têm fim....têm começo e desenvolvimento. Quebras de linhas e pensamentos. Momentos de destaque (em marca texto).....que são metáforas de carne e osso. Mas, no fundo, são providas de carne e coração. Leve em consideração uma anotação sobre ANATOMIA HUMANA.

[ para você não esquecer do mundo]

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Porque eu não vi o pôr-do-sol

Hoje acordei determinada: iria à praia, depois do trabalho, custasse o que custasse. Parti. Eram exatas 15:30 da tarde, saltei do meu desmasiado ônibus, na faixa de barzinhos mais distantse do meio da praia - para ser mais simples: segui rumo ao fim da areia......da esquerda para a direita...sem destino certo.

Avistei alguns estabelecimentos. Namorei, calmamente, a janela logo ao fundo deles. Uma verdadeira imensidão de águas turvas. Caminhando, caminhando, resolvi, por definitivo, escolher o lugar para a minha tão esperada instalação marítima. Apossei-me de uma cadeira e dei-me o direito de contemplá-lo.......bem ao longe.......

Sentada, deixei que algumas sauvas negras se divertissem com minha interessante "perna-gigante", sob um coqueiro a perder parte de suas folhas e, ainda, tomado pela ausência de seu fruto. Segui com meus devaneios: pensei no nada, pensei nele, pensei no passado e no futuro. Pensei nas formigas, nos bombeiros que treinavam  na orla e, imaginei, como seria o interior dos doze navios que vi na curva do mar.

Resolvi sentir um pouco dele em mim. Arrisquei-me em um mergulho - não digno de comercial de tv, mas, ideal o bastante para me fazer lembrar que existe vida no meio dos desencontros. Cogitei a possibilidade de esvair-me do mundo, deitada de "papo para cima" já no calor do sol das 4, com Kafka dentro da bolsa e um anseio por água-de-coco. No entanto, fui acordada por uma chamada inesperada no celular ( o mundo ainda está lá fora).

Retomei às minhas caminhadas, tanto psicológicas quanto físicas. Não foi muito trabalhoso realizá-las...no entanto, faltou-me tempo para executá-las com maior proficiência. Vaguei por uns tantos na praia, até parar em um outro bar, embalado por mpb e um esboço do que seria o pôr-do-sol que eu não veria.

Resolvi adentrar o mundo de " Metamorfose". Foi aí que me situei  em meu verdadeiro mundo: palavras, sons, análises, desconfianças, julgamentos, sol, mar e água. Um pouco mais para longe, com espírito de saudade, me aproximei dos fins: da água-de-coco, do capítulo II de A Metamorfose e, do mar........um dos meus melhores sedativos.


Dirigi-me ao chuveiro. Era hora de dizer "Bye" a mais um dia agraciado por Deus. Hora esta de subir ao ônibus que se aproximara e, de não ver o pôr-do-sol. 

Pois, tinha de voltar ao meu mundo, para poder ao mar  retornar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

É porque você precisa ir embora

Você precisa ir embora da minha vida porque você está me machucando, me ferindo, me angustiando. Você tem de ir porque eu gosto de você - não para tê-lo algumas horas, de vez em quando e de mês em mês......É porque quero você sempre ao meu lado.....mas, tens de ir. Ir para longe, onde eu não possa te encontrar e você não possa me ter.

 Você tem de ir porque, mesmo eu aparentando estar em sol todos os dias, é inverno no meu continente. Vá embora porque eu não te mereço, e tu, muito menos. Você tem de ir porque não enxergas meu coração - e, se o enxergas, passas por cima dele. Você está me machucando....Com você, eu não tenho cinema, praia e dança. Tenho fuga inescrupulosa. E eu não quero viver apenas como fugitiva: não tenho mais idade para brincar de esconde-esconde. Não quero mais só fugas inescrupulosas.

Quando lembro (e ouço) as "nossas" músicas...... sem "gaita para me consolar", descubro que elas são, inteiramente, só minhas. Apenas minhas. Quando lembro do nosso encontro, ele, assim como tudo que aconteceu entre nós, é apenas meu. Só meu......

Minha lista do " Eu deveria" é enorme - e todas condicionadas pela tua ausência. Sim, quando pensavas em fazer algo, ou, até mesmo em não fazer nada, eu pensava em você. No mais, agora é sobra: da falta, da dor, do desejo, da sede e da solidão. Volte, eu mesma, ao ponto 1.

Vou sofrer mais um pouquinho, que é para aprender. Chorar não quero. Contudo, se não houver outro jeito, o lenço estará pronto.

É porque meu coração dói, você não se dá conta, eu não quero mais, e há um vazio.
É porque para você eu não existo e a porta está fechada...


...para um lugar este que eu não posso ir.



domingo, 5 de setembro de 2010

Sem juras...... mas com lamentações

Se você não sabe, doeu. Pouco, muito, mais ou menos, mas doeu. .......dói ainda. Se era esse o seu objetivo....conseguiste. Encontro-me agora em  um momento de devaneios, saudades e de leituras que, ao som de um Blues, tento interpretar.

Você não destruiu os meus sonhos. Contudo, foste minha dramática decepção. Sim. Jogaste por terra toda minha construção a seu respeito. Quando dei por mim, caíste como um copo de vidro. E, ao chão, espatifaste assim como mil pedrinhas deslizam na estrada. Triste para mim.....que esperava um desempenho considerável, particular, condizente, digno e educado.
Sua cosmovisão a respeito da vida não me convence da satisfatória. Sinto-me sufocada pelo soco de palavras que não levei, para que fosse possível, guiada por toda a minha compaixão, dar-te outros socos de aviso. Dói ainda saber que tudo era previsível e, minha inteligência fora  sucumbida pelo meu desejo.

E tudo chegou ao final.

Sei ainda que Eu não precisaria argumentar tantas lamentações, tantas sentimentalidades....Entretanto, estais intrínseco a mim: tu realmente existes em minha vida e tiveste um espaço referencial aqui ó.........no meu pequeno músculo do amor.

O feristes por pouco e, por pouco, um dia serás ausente. Para mim, para ela e a ti.



Porque o amor é constituído - também - de lamúrias.