quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O belo traço da juventude

Hoje tive a oportunidade de compartilhar um pouco da minha vida corrida com uma jovem. Baixa, branca, dona de carinhosos cabelos dourados, olhos vivos e traços faciais arredondados. Passamos mais de um quarto de hora a conversar sobre o propósito que nos levara até ali e, também, trocarmos enunciações cronológicas e retóricas acerca de nossa vivência. Foi então que me dei conta que estava, possivelmente, diante do futuro - do meu futuro. Adiantei-me, por alguns milésimos de segundos, em um futuro não muito perto, mas, em compensação, provável. Imaginei-me assim como ela: forte, esperançosa, acolhedora e apaixonada. Sim, apaixonada. Raciocinei com outros tantos de neurônios a respeito da chance, da probabilidade e da entrega ao sexagenarismo. Da dor e dar realização que o mesmo traz consigo. Perdi-me, naqueles minutos, em minha vida progressa - não que a minha seja, no futuro, da mesma forma, mas sim.......serei sexagenária. Vi tamanha magnitude da vida, tamanho compêndio de experiências materializados naquele ser nobre. Nobre de alma, nobre de pele, nobre de nome. Reduzi-me para tentar ver com um pouco mais de calma o que é a vida. Abracei aquelas palavras ditas, educadamente elaboradas e maternalmente doadas. Vi a vida hoje, não sei se pela primeira vez, mas, não mais a última.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lord,

"I want to thank you
For giving me the best day of my life
Oh just to be with you
Is having the best day of my life
[...]
And even if my house falls down now
I wouldn't have a clue
Because you're near me and"

Uma carta de amiga, para uma mente de lembranças

Dear, 

o Natal passou e não pude, se quer, desfrutar de um abraço teu. Neste momento, pesei todas as nossas realizações, todas as parcerias e outros tantos desentendimentos. É, eu continuo a sentir - incansavelmente-  a sua falta. Sei até onde erramos e, sei mais ainda, a escolha de cada um de nós. Não. Eu não exagero. Eu apenas sinto: a falta do seu abraço, da nossa divisão, dos nossos diálogos e, no mais, de nossa parceria.

A distância que nos separa é tão visível quanto a razão da mesma. Não é por ciúme, é por racionalização. Sinto tanto em ver nosso espaço desaparecendo a cada dia. Prefiro isolar-me a ter de compartilhar com discordâncias. Eu não sei ser assim. Tampouco, fingir. Fico de coração partido quando vejo você - bem do outro lado. Não que você não possa conhecer outras pessoas - contudo, repetir a mesma novela??? Eu, em minha sã consciência, nunca imaginaria esse sobressalto. Mas, enfim, " a vida é feita de escolhas"........ Meu maior medo é ser orgulhosa ao ponto de dizer, no momento mais oportuno, um NÃO. 

Eu tenho poucas certezas a respeito de nossa relação - pós distância. Isso porque tu me fragmentaste, logo após sua escolha. E por estar confusa e desfragmentada, é que não sei se estarei recomposta quando você voltar - se você voltar. Lúcida, sim. Segura, não. Registro, então: uma declaração de amor de amigo; um Feliz Natal atrasado; um 2011 de sucesso e um abraço - daqueles que somente nós trocamos. Que fique registrado a tristeza ocasionada pelo silêncio. Coisas que afligem meu coração.


Abraços, Vanessa.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Apagar-me



Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

paulo leminski

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"as impaciências dos dias passados"




"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"



O Primo Basílio, Eça de Queiroz

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

After



Quando não puderes mais ver verdade em meus olhos e, tampouco compreendê-los, deixe-me ir. Deixe-me levantar, tropeçar mais adiante e não corresponder com um olhar retrógado direcionado a você. Seja suficientemente frio para abandonar-me. Sumariamente sarcástico para olhar-me com desdenha e masculinamente orgulhoso para não tomar-me pelos braços. Enfim, se for o caso, exteriorize sua raiva, seu descontentamento ou sua dor. Se for o caso.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Permito-me silenciar, agora

Perguntei-me diversas vezes, em diversos momentos, de diversas formas e à diversas pessoas se eu deveria ir até você, para trocarmos um livro de palavras. Resultado: escolhi silenciar-me. Tornar-me filha do tempo e, consequentemente, submeter-me ao patriarcalismo do tic-tac do romance temporalizado. 


Perguntei-me se estava errada. Se EU era a errada da novela das sete. Não mais que um quarto de hora foi o suficiente para iniciar a minha mudez. Minha introdução no buraco branco. E você e a meia dúzia de felinos escaldados calaram-me. 

Permito-me silenciar, agora.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os tapas que tenho levado da vida

 Vivo intensivamente um momento de transição: novas expectativas, novos anseios, vitórias espreitadas por sonhos e, em contrapartida, outras tantas quedas, desilusões e tapas a perder de vista.

A linearidade a qual pertence minha sagatiba diária reside no levantar de mãos diretas em minha inocente e ingênua face. A cada novo capítulo, uma pedra estendida em meu caminho; uma nova queda - seguida, sob grande ressalva, de um levantar a sôfregos, incitado por algumas escoriações. Contudo, lá no fundo, a dor persiste e insiste em refutar-me. 

Minhas ideias se sobrecarregam de uma sentimentalidade especial: fomentada por aqueles que já não me examinam e, nem mesmo, compartilham de momentos verdadeiros - eu, muito prazer, sou a atriz da novela das oito.

[...] Não consigo dizer se é bom ou mal
Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá o que quer que eu faça [...]

Reluto para que as coisas deem certo. Para que eu não  troque as vias e não cante em "português errado". Já não me permito permitir. O buscar da solidão é visivel a olho nu e às palavras não pronunciadas: Eu não quero mais que seja assim. Esse "assim", termo de cunho atemporal. E me dói, e eu me machuco. E eu sinto saudades. E choro. Choro porque sou sensível de espírito. Choro pela perda inesperada, pelo querer de adeus e pela vontade de volta. E as palavras já não me cabem. E a aflição já não me faz bem. E eu retorno ao passado: ele está lá, pronto para fazer-se presente, em um futuro que rezo que aconteça  ou que se desfaça. E EU choro mais uma vez . Porque eu exagero - exagero no real para não sonhar com pouca coisa.

E eu choro mais uma vez: para que a poesia e a profecia não se despeçam.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Viajar.......


"Estou a dois passos do paraíso
Não sei se vou voltar
Estou a dois passos do paraíso
Talvez eu fique, eu fique por lá
Estou a dois passos do paraíso
Não sei porque que eu fui dizer bye bye
Bye bye, baby, bye bye"

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um mês



"[...] Quanto tempo será que demora
Um mês pra passar?
 
Ser campeão da copa do mundo
Um dia em Saturno
Pra criança que não sabe contar vai levar um tempão."

Surrender to me

"Lay down your arms and surrender to me.
Oh lay down your arms and love me peacefully. Yea.

Use your arms for squeezing and pleasing
the one who loves you so.

Oh there ain't no reason for you to declare war on the
one who loves you so.
So forget the other boys because my love is real.
Come off your battlefield. [...]" 
 
Soldier of love - Pearl Jam


Segredo













Eu ia te contar tudo que sinto há tanto tempo
se é miragem, você vai dizer
Irá se revelar um mar de sentimentos
Ainda hoje eu vou te ver
Eu ia te contar tudo que sinto há tanto tempo
Tô a dez minutos de você
Irá se revelar um mar de sentimentos
Ainda hoje eu vou te ver

você é tudo - jorge vercilo

domingo, 12 de dezembro de 2010

Unidos


"Vou te pegar na sua casa, deixa tudo arrumado
Vou te levar comigo pra longe"


vou te levar comigo - biquini cavadão

O que passou......é passado - ainda a sôfregos

"Aprendi o que era certo com a pessoa errada."



Alma












"Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver"

Linha do Equador - Djavan

Stop

É porque agora eu preciso de um pouco mais de espera. Sim. É porque agora tudo é mais sério e eu preciso dar um pouco mais de mim. É porque agora eu já divido a caixa de chocolates, a pipoca do cinema e alguns acessos de sentimentalidade. É porque agora virei - de uma vez - mocinha e a hora definitiva da caminhada pelo mundo , sem a sombra do guarda-chuva, chegou.

Minha espera. Espera.

É porque eu preciso esperá-lo, para que ele absorva as verdades da vida e de minhas vicissitudes. É porque, comigo, ele caminhará por uma estrada distinta e eu precisarei parar......e parar um pouco mais É porque eu terei de explicar, refazer, redizer e compartilhar aquilo que não se faz vistos aos seus olhos. É porque eu quero esprerar um pouco mais......



.... para continuar a ser feliz.

É porque eu quero esperar para executar o tempo a meu favor. É porque eu quero ser filha da vida e mãe das escolhas. É porque eu preciso encontrar-me sóbria depois do último gole de licença poética. É porque eu preciso saber um pouco mais de tudo.....


... para do tudo fazer um pouco mais de mim.

Espero.



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

 
 
"Este é o jeito que eu estou aprendendo a respirar
Aprendendo a engatinhar
Estou descobrindo que você e só você pode acabar com a minha queda .
Estou vivendo novamente, animado e vivo.
Estou morrendo pra respirar nesses céus abundantes"
 
 
Learning to breathe, Switchfoot

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

a SUSTENTÁVEL leveza do ser..........




 
E  assim falou Einstein.

Outros passos, outros abraços e novos tempos

E quando nós menos esperamos. E quando - menos e mais - desejamos. E quando nos apropriamos e nos desapegamos. E quando tudo flui. Fruto. E quando nos deparamanos, e quando paramos. Eis o meio, o fim e o princípio. Mudança.

Virei a página 57 e deparei-me, desprevinida, com o iniciar de um novo capítulo, na página 56. Desprevinida. Completamente pega de surpresa. Não mais que uma nova página, mas um novo livro.

Metaforicamente iniciada a página 56.

" Querido Mr. Jones,

seja bem-vindo ao meu rústico palacete. Por favor, não repare na bagunça, na desorganização inadequada a um lugar do tipo. Esteja à vontade para sentir-se em casa, livre para trafegar pelos corredores, desfrutar de nossos aposentos e relaxar sob as árvores de meu jardim. Quanto a minha biblioteca, peço-lhe apenas que deposite nela uma certa carga de carinho e outro tanto de respeito. Minha essência está lá. Entremeada a palavras que, possivelmente (devido a quantidade de volumes na estante) não serão ditas.

Obrigada."