sábado, 7 de janeiro de 2012

Devaneios de bar : Bolero parte 1

Em alguns dias iniciarei a escrita do meu bolero. Depois de quatro anos me embriagando lucidamente da adega, dos tonéis e de algumas tavernas acadêmicas, vou começar a escrever meu relato de bar. E prometo que terá a mais límpida vodka - além das mais lindas narrativas cabareísticas. E eu ainda quero comprar certas doses de confiança. Pratos de aperitivos e mais vodka. Absolutamente, quero sair de lá bêbada. Carregada pelos meus Mestres....completamente fora de mim. Quero beleza. Ahhh.....já posso sentir o doce da Amarula no copinho. Aquela luz vermelha...aquelas fumaças das baforadas dos vizinhos....ahhh...e aquela música triunfante que vem de não sei bem de onde. Valerá à pena cada centavo a ser gasto na boemia. Há muita filosofia ali. Deixa-me embriagar. E que quero que meu bolero toque bem. Afinal, há certas coisas na vida que só acontecem uma única vez. E, neste caso, meu bolero será apenas a faixa um do meu long play [do meu primeiro long] . Foi bem difícil chegar até aqui. Será bem difícil chegar lá (!,?). Há muitos bêbados na passagem. Transeuntes. Atravessadores. E eu.


2 comentários:

  1. O bartender tá lá enxugando mais um copo.

    (Cada vez que te vê entrar, dá uma piscadela e passa o pano naquela sua mesa. Já tens seu próprio ambiente e não se cansa de pedir um guardanapo aqui, uma caneta ali. Sempre tinha suas ideias, não podia deixá-las passar.
    Ele sabe do seu bolero... já deu umas espiadas quando passava entre os clientes e cedeu algumas canetas e bloquinhos de papel. Você uma vez lhe contou - ele ainda se pergunta se lembras dessa conversa - e começou por ali mesmo as primeiras anotações.
    De dose em dose, vinha o porre... de leitura, sabedoria e conhecimento. Aos tropeços você ia embora, pagava a conta. Às vezes esquecia um post-it pelo chão. Ele guardava todos na esperança de ver mais que do que estava ali escrito... esperava pela ressaca. Sua e dele.
    Te espera lançar esse bolero, o dia que ele poderá deixar o bar por uns instantes e sentar pra aplaudir. Espera talvez mais que isso, ouvir o grito de cultura sair de sua boca quando chegar aos bastidores depois do show...)

    Reflete ele colocando o copo na bandeja limpa, logo após você ter saído na madrugada. Sorriu ao ver de longe um papel solto que deixaras pra trás. Desafiou-se pra adivinhar de quem era o fichamento da vez... sobre o que era a anotação do dia... Estava ali mais um para sua coleção.

    "Tome um porre de livro, que a ressaca é de cultura..." Fernando Kerkhoff

    ResponderExcluir
  2. 'E eu'
    Sentindo tudo do mais perto possível...e isso será bom...
    Bonito texto.
    Bei-jo

    http://somdospassos.blogspot.com/

    ResponderExcluir