segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nossa última estação



Ao som de Valsa e Vapor, Phill Veras.

Vai que era pra acontecer, amor. 
Vai que era pra acontecer amor. 
Vai que. 

E não, não foi. Não foi porque cada lágrima que eu dedilhei na frente do computador contando a nossa história de despedida pra um bocado de gente que ainda não sabe de você, me cortou em lascas sofridas de um amor abandonado. Eu sabia que o fim era vivo, mas torcia que, aí dentro, esse pensamento estivesse adormecido. E não, não foi isso. 

Cada lágrima derramada na bancada, ensopando meu rosto e formando uma pocinha no mármore tinha gosto de você: pela companhia não partilhada, pelas idas; pelas voltas; por todo silêncio e pelo mais cruel atropelo inocente. E pela maior felicidade que já pude ter. 

Pela disparidade da vida, eu chorei copiosamente tentando evitar um homicídio do belo, porque não é justo jogar ao alto as bondades da vida e lançá-las ao chão sem olhar pra trás. Eu usei as músicas mais copiosas ainda, que eram pra arrepiar toda a minha alma e exorcizar a dor que havia em mim e levar você junto: ou a parte mais vilã de você, ou a parte mais apaixonante de você, ou que fosse você inteiro. Mas que ela não fosse mais. 

Que ela não fosse mais a caminhada mais divertida. Que ela não fosse mais aquele plano mal elaborado que estava fadado a dar certo. Que ela não fosse mais o teu sorriso. Que ela não fosse mais os meu motivos. Que ela não tivesse mais da gente. Que ela não fosse mais a nossa entrega. Tudo isso junto indo embora.  

Porque além de nós vai existir sempre um caminho não percorrido deixado para trás, assim como lençóis que a gente deixa na cama bagunçada. Vai ter hiato, Vai ter uma página em branco. Que não sei se será a mais significativa de todas, mas não a mais desejada. E será isso que teremos em mãos vazias e um adeus. E um amor. Um amor com sabor terapêutico de serenidade. 

Só que, mesmo assim, me dói ter que explicar: Mas, essa, amor, essa foi nossa última estação.