domingo, 29 de maio de 2011

Onde ela se perdeu

Desta vez ela foi pega de surpresa. Ele simplesmente tomara tino de seu coração. Quebrou-lhe as artimanhas, destruiu seu orgulho e pôs em cheque a real digniidade dela. Hora, ele gostava de teatro, porém, ele nunca almejou sapatear ou emergir das cochias. A noite foi exaustiva - até o passado ele conseguiu lançar na parede. O romanceado agora despedaçou-se em mil partículas de desapontamento. Ele se cansara da falta que ela lhe fazia. Das razões que ela nunca lhe dera e, ainda mais, do valor que jamais ela fora capaz de enxergar. Ele tentou tanto, sabe. Desperdiçou lamúrias em seu travesseiro - quando todas elas poderiam ter sido lançadas nas pupilas de sua alma desencantada, ela. E por mais que tentasse, ele não conseguira perdoá-la. Para ela, sempre foi muito fácil brincar de xadrez, contudo, não sabia  a mesma que, para toda competição, preparar-se é crucial. E aí estava a queda: ele 'se esperou' para recebê-la, com um coração maior que nem ele próprio pôde sonhar - só não foi o suficiente para se fazer enxergável [ele usava All Star; ela, "salto 15 e saia de borracha"]. Os espaços que ele tinha ficavam cada dia mais espaços - espaçosos. Onde estava seu público??? Ela sempre apreciara o privê. A disposição dela era tamanha que, sozinha, erguia seu palco, seu espetáculo e doava a si, também, o uníssono bater de palmas. Eros não foi nada agradável com a pessoa dele - fez questão de espetar-lhe ao fundo; cravejar-lhe sua flecha dourada, de modo a prender o músculo saltitante, para não "saltimbanquear" por outros carnavais: tinha de ser para ela. 

[para toda regra, há uma exceção] 

Quando ele descarregara todo seu ódio, toda a sua tristeza e todo o seu cansaço, ela caiu bem lá no fundo. Onde ela pensava que estava?? Em algum filmeco barato de cinema de quinta categoria? Onde estava a coroa de rainha, para que ela o fizesse de súdito? O nome dele por algum acaso já lhe era um epitáfio qualquer? O que era para ser dela, acabou. Mais que justo. Onde estava o teu coelho, Alice, para dizer-te que o teu tempo de contadora de lorotas esgotara-se? O problema foi seu, de ter se enganado, pensando que tudo era sonho, que você era a protagonista e que acabara bem. Não, há um alguém no fim da escada. É um alguém que de tanto ser Pierrot, acaba de te deixar beirando na areia, bem onde te perdeste, linda sereia.


sábado, 28 de maio de 2011

Tanto de você




Ele voltou para casa dirigindo debaixo de um temporal. No rádio tocava 'Again', do Krevitz, e isso não fazia diferença até o momento em que ele ficara preso, junto a outros carros, em um congestionamento. Ele nunca foi também de observar a chuva - era apenas água caindo do céu, pensava. Naquele espaço de tempo, ele até se perguntou qual seria a temperatura daquela infinitude de líquido vertical, que caía nos vidros de seu carango. Mas esse questionamento fugiu-lhe à mente quando a música dela tocou. Ele apertou o minúsculo botão do pause. Tudo só não silenciara de uma vez só por conta dos pingos de chuva e pelas buzinas dos desesperados que aturdiam logo após a espessura dos vidros. Ele apertou o play. Tudo ainda estava tão longe de terminar: "Não sei porque você se foi...quantas saudades eu senti...e de tristezas vou viver...e aquele adeus não pude dar.." E ele se sentia culpado demais, errado demais, para acompanhar - com os dedos repousados no volante - a canção. Do momento em diante, o que ele não notava, nunca atribuía sentido e significância, passou a lhe ser tão útil quanto definitivo. Tim já não catava em vão: "e da solidão que em minha porta bate...". Desejando ou não, negando e renegando, mas a música lhe contava tanta coisa desses últimos dois anos. Das maneiras e das formas. Dos ditos e dos soletrados. Dos descritos e dos registrados. Falavam-lhe tanto. Aquelas palavras, como nenhuma outra situação em toda a sua existência, emanou como um veredito. Os versos seguintes doeram-lhe : "E na parede do meu quarto...ainda está o seu retrato". 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Era para ter sido do jeito que foi

Posso aconselhar-te, com todas as palavras, que o que falta a você são alguns degraus. Exatamente; centímetros certeiros. E algumas coisinhas bem peculiares também. Foi impossível negar minha decepção, minhas considerações ficaram tamanhas derrotadas. E a causa disso tudo foi você. Ou a falta que vem de você. Não sei bem, só sei que o ator principal eras tu. Grandes sacadas - pensaste errôneamente. Desenvolveste tudo meio torto, para não dizer errado. Disseste tudo ao contrário,propositalmente,desconfortavelmente - coisas de amadores. Não, aqui não fala a voz da experiência, mas, já que não fizeste a coisa certa, não tem problema, pode deixar que eu faço...E você teve todas as cartas na mão, não somente a mim, mas o carteado inteiro. Repetições, repetições e mais repetições...Você precisa ainda aprender tanta coisa - ou revisá-las, quem sabe. Precisas ainda desapegar-se das pequeninas inconsequências da vida.  Eu não te amei, que isso fique bem claro! Eu me apaixonei meio que me esbarrando numa porção de revistas (havia eu ficado toda deslumbrada com aquilo). E as tuas preferências psicóticas não me são tão atrativas: o mito de Narciso, o Gato de Alice...essas coisas, isso tudo, essas verdades tão bem descritas, me dão medo, me fragilizam. E é bem aí que você se lança para o fundo...se entrega de corpo e alma, para algo que não se constitui um espelho. Você tem discordâncias, meu ser. Você não tem mapa, cachorros ainda te faltam. E minhas mãos bem que tentaram - ao menos trazer-te um espelho. E eu fui renegada, deixada de lado. Golpeada pelas esquisitices de tua forma efêmera de vida; que eu condeno, condeno mesmo. Repudio se for o caso. E eu não sonho ser como você. Inconstância é um sentimento corrosivo, desgastante e desapropriado para uma pessoa cheia de pedaços minúsculos de amor. Ahhh...meu coração bem sabe todos os barrancos que enfrentei. Dentre estes, o mais triste era sentir a tua infelicidade. Tentei por muitas vezes não deixar que escapulisse minhas rubricas de consolo. Você merece ainda aprender sozinho - mesmo que isso te resulte a momentos de não muita glória. E me doeu aquela história que se passou no quadrilátero - até hoje ainda me pergunto se isto realmente aconteceu. Bem ali, meu mundo girou 360° em um segundo. E você nada fez para conter minha tontura. Ainda bem que lá eu te recusei. A minha recusa mais bem pensada. Percebo que, um fino traço de vergonha, ainda te cutuca quando me encontras, porém, de você, não guardo mágoas, apenas negativas. E eu saio dessa historinha bem feliz. Tentando não pronunciar teu nome, não querer criar tua presença. De fato, sinto saudades - mas, incrivelmente, é só do teu corpo. Eu sinto muito em ter  te reduzido apenas a uma lição. Eu queria que tu tivesse sido bem mais que apenas o acaso sem contexto em específico, contudo, um fichamento a meu favor. Sei que você nunca lerá minhas palavras - se você não me leu quando eu estava em temporada por aí, imagina agora? Eu te quis. E eu te quis sem me dar conta: do tempo, principalmente. Mas você não é para mim. Ainda há muitas coisas que, para serem suas, você primeiro terá de machucar, balançar, por na estante e depois, dar-se conta que o tal do mapa reside naquele objeto, guardado em meio ao pó da estante. Só que, eu não faço parte dessa biblioteca. Eu sou aquilo que você nunca pensou, e agora, depois do último time, já se faz madrugada para saber (e o letreiro do bar da esquina inclusive já apagou).






terça-feira, 24 de maio de 2011

Que isso valha a qualquer pessoa

Meu amor, o cheiro do chocolate do teu cabelo ainda permanece no sofá, na minha cama e, de uma certa maneira, no box do banheiro. E isso me deixa com saudades. Eu no começo fui contra, achei que seria enjoativo demais sentir aquele cheirinho doce por um tempo prolongado. Mas não, meu bem. Eu não enjoei teu cheiro - ele só me deu mais motivos para querer saborear-te. Agora, já te imagino até meio 'tuti-fruti' de verão. Sinto falta desse teu cabelo bagunçado, sufocando-me, abraçando-me e fazedo-me cosquinhas gostosas pelo rosto. Fora o teu coração, a explodir bem do meu lado....É, amor, minhas manhãs já não são mais as mesmas quando você vem. Quando eu viro e vejo você, a acumular e a acumular sonhos por nós. Talvez um dia você acorde mais cedo do que eu, mas, prefiro eu mesmo ter de acordar antes de ti e ver que a maior surpresa é saber que não foste embora. E por todas as vezes que eu puder te abraçar, vou agradecer a Deus por ter te encontrado - naquela ocasião quase que horrorosa, de fim de rua, próximo a uma cesta de lixo. E eu não aprenderia a dançar se eu não te amasse. Nem mesmo aprender a diferenciar 'rosa-bebê' de 'rosa-pink' estava nos meu planos de homem na beira dos 25. E eu sei que estou longe de ser aquele cara que você sempre sonhou, que você sempre desenhou. Porém, você não desistiu de mim, e isso, isso sim, me fez sentir que, de fato, eu sou quem você deseja ficar. Eu volto a sentir o teu cheiro de mulher-chocolate. E é estranho, porque você ainda nem chegou aqui em casa. Eu consigo respirar corretamente sem você, não transferi minha vida por completo para a sua - e nem você para minha,o que acontece é que afirmamos um compartilhamento amoroso. Eu não me realizo em você nem você em mim. Há um instinto de maturidade interessante entre nós; uma diplomacia. E não nos preocupamos tanto com isso. E o que falar de nossas viagens - reais ou nem tanto assim, também? Das malas que eu não entendo; das coisas que eu compro e dos lugares maravilhosos que você insiste que busquemos. Nossas fotografias, os registros de nossa corrida pela vida, estão emolduradas pelo meu lar sweet home, todas escolhidas amorosamente por você. E todas concordadas por mim. Inclusive, falando nisto, descobri meu lado criativo depois que viajamos para um desses espaços desconhecidos, onde nós nos perdemos, você zangou-se comigo, e para que eu pudesse me desculpar, rebolei mais que eu pude para roubar-te um sorriso e ouvir de você um aceite de desculpas. E mais um vez me remetendo ao passado, lembro de nossas brigas. Teus telefonemas que eu não atendia; as mensagens que eu não respondia, mas, em contrapartida, dos sábados vazios no meu apartamento. Esses eram mais tortuosos do que as 10 chamadas diárias que você deixava no meu celular. E toda vez que esta cena volta a acontecer, nós unimos forças e pulamos mais um muro. Pelas vezes que já me magoaste, pelas vezes que eu já te fiz chorar, nós já nos punimos. De nossas especificidades, nossa trilha sonora é a que mais me contenta - supera inclusive nossas noites de cozinha. Guardo-as na memória, no meu playlist, no carro, na chuva, dentro dos livros e entre os lençóis. Elas falam tanto da nossa história, de nossas palavras, de nossas lágrimas e acima de tudo, de nosso silêncio. Por todas as vezes em que ficamos sós, perdidamente apaixonados pela 'intrigância' que é o amor. E a gente se vira do avesso, se desembrulha para o acaso e se descasca para viver. Amor, agora volta logo dessa viagem porque eu quero te beijar logo pela manhã.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Depois de você

"Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações"


Você por mim e mais nada...

"O que você precisa
É de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho
Em arte final..."




domingo, 22 de maio de 2011

Só venha até mim caso esteja pronto. Do contrário, nem saia do lugar.

Eu não vim ao mundo com uma carta de recomendação ou manual instrutivo. Nada disso. Se quiseres compartilhar momentos comigo, esteja preparado para esta pequena "transcrição vivídica" a qual eu me asujeito. Querido, se não tiveres tempo para encarar minhas escalas, não venha. Fique onde você está. Se não quiseres compartilhar de minutos de solidão dupla, não me escolha. Evite pequenos acidentes. Se não quiseres ouvir certas digressões e planejamentos, não me escolha.  Se não for do seu agrado alguém que bate forte em tudo aquilo que vê pela frente, darling, eu sou a pessoa menos adequada para você. Não costumo buscar, também, os boletins de ocorrência de quem partilha comigo pequenos e grandes delitos. Contenha-se com sua propaganda. Como boa assaltante, vou direto ao conteúdo. Aviso-lhe de antemão que não curto manifestações alheias à idade: caso curtas teatrinho de fantoches, fique em casa. Não tenho espaço para brincadeiras fora de hora. Dê um tempo. Sou péssima de mímica: não tente chamar minha atenção bancando o palhaço. Não escreva novelas mexicanas: faça filmes americanos de amor. E bons filmes. Caso queiras realmente ficar ao meu lado, saiba que: eu preciso de alguém, com predisposição para trasforma-se em substantivo próprio e no fim, de alguma forma, que  me torne adjetivo seu. Eu falei adjetivo, não adereço. Se pensares no último, nem saia do lugar.

sábado, 21 de maio de 2011

"Mas ninguém sabe de nada"



"Levou na bolsa umas mentiras pra contar
Deixou pra trás os pais e o namorado"

"Das rosas que dão no inverno"



"Eu vi você, até senti tua mão e achei até que me caia bem como uma luva
Mas veio a chuva e ficou tudo tão desigual"



You're my joy



"Tell me what we're gonna do now"

Joss Stone

quinta-feira, 19 de maio de 2011

No rodapé


E a mensagem é sempre a mesma: " Continue a render-se a mim. Profira todas as suas palavras, toda a sua paixão e demais vicissitudes. Economize tempo para o mundo e gaste-o por completo em mim. Sei que te satisfaço, portanto, a ti serei fiel. Apenas caminhe sempre ao meu lado." [diz a consciência da minha escrivaninha] E eu, disciplinamente, tento não me apaixonar por outras coisas...Tento não traí-lo. Tento em minuto algum me distanciar. E eu já entendi que não haverá outra maneira (tão eficaz) de ser feliz, que não seja nas entrelinhas. 
 


E prolongo meus amores. Minhas divagações mundanas. Meus sortilégios. Minhas agregações. Meus não-pressupostos. Por um pouco mais de líquidos viciosos; drogas completamente lícitas e por um mundo no qual primavera não é primavera se não houver, criatura. E eu não caibo nas quadrantes de muitas matemáticas. E eu não me registro em diversas histórias alheias. Só compenso em formato de letras, palavras e textos: nas literaturas de poucos por aí.  Talvez eu não me entregaria com amor. Provavelmente não existiria poesia em mim.

Um post it: 


"Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar
Vê se te alimenta
E não pensa que eu fui por não te amar"




terça-feira, 17 de maio de 2011

" E para o tempo parar..."



"Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e te
Ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente.
Se ela te fosse direta, você a rejeitaria."



Por partes...em partes

  

Está dificil te esquecer. Está difícil desapegar. Está difícil me desfazer de todas as coisas. Ainda sinto falta das coisas em Seus devidos lugares. Um metodismo interessante. Uma organização engraçada. Uma vida viciante, meio assustadora, sem o brilho devido e com fundamentação alguma. "Tá" difícil me desfazer de você. E de todas as curvas que eu encontrei antes de quase chegar até aí. E eu sou teimosa, tanto quanto você - que persiste na incompletude. E eu sinto falta da parceria "made in Bozo". E eu sinto falta dos trecos e das manias. Da elegância escondida...da simplicidade mais pueril. E de você...e de você. Você sem 'v' maiúsculo. Sem caixa alta. Sem espaço de Narciso. Sem um mundo lá fora. Eu quero te jogar pela minha janela, para você ter uma queda regada por muita ventania, muita física, muita proporção. E eu que pensei que poderias acreditar naquilo que emanou de mim, um dia. E um dia desses ou outro, por pormenores e outros nem tão maiores assim, passarei um filme em teus lábios. Ressaltarei, mais uma vez, as linhas tortas, escritas de forma errônea, as quais rabiscaste no papel de pão. E lá irá minha fragância. Se perder de novo. No labirinto que nunca pertencera a mim. E eu quis te contar as poesias mais bonitas que li; e quis memorizar as palavras mais doces, só para te contar. Contudo, você desejou guardar tudo em algum caixote debaixo da cama; ou na fresta de algum reboco da sua insensata lucidez. E eu perdi o trecho da frase que você falou. Das páginas rasgadas que lançaste no cesto de lixo e toda aquela colônia de romance que você julgou não servir para nada. Muito, não falei. Pouco, deixei de fazer. Nada. Não sei até onde. Só sei que é difícil te esquecer e eu não consigo jogar você pela janela... E por todas as vezes que eu insistir em te deixar. Vai ainda restar muito de mim.

domingo, 15 de maio de 2011

Aquilo que eu sempre reafirmo - e só funciona comigo mesma

Tenho andado inquieta. Apago e reescrevo toda hora meu discurso. Meus pensamentos, às vezes, são meio disformes. Outros momentos alimento minhas lembranças e embaço minhas atualizações. Sinto-me bem em sentir-me distinta; diferente; desigual e por alguns motivos, dispensável. Meu corpo parece que deu uma parada evolutiva - espero que isso seja bom. Mas, já a atividade da minha consciência, beirando os 20 anos incompletos, não segue o mesmo ritmo de meu entendimento. São muitos diálogos ao mesmo tempo, são muitas linhas a escrever e há momentos em que eu não consigo acompanhar. O mundo tem me sufocado. As escolhas têm me sufocado. As transparências têm me sufocado. Meu travesseiro (ainda) permanece seco...Talvez eu não tenha cansado do mundo; da falta; da sobra. E o querer ser exclusivista, metódica e eticetera e tal....

A vida tem me feito entrevistas, diárias. Um grau de pertinência muito interessante e a gravidade em mesma proporção. Eu tento me lançar para o futuro - já prometi em outros tempos não fazer mais isso. Não consigo. E ao mesmo tempo, uso cola para grudar no chão, minhas sapatilhas meio desgastadas. Sinto uma dor de cabeça incômoda - eu não gosto do improvável. tenho corrido para o alento. Penso que pode ser falta de algo...me canso de tantas implicações. Preciso de um novo. De uma reivenção - que não seja barata; que não seja decalcada; que não provoque negações. Quero encontrar uma parafernália que me reconstrua. Que me subestime. Que acabe com as respostas. Certas aptidões sei que só funcionarão comigo - e certas justificativas também.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Deixa eu viver teu luto

 [texto dedicado ao apoio dos meus amigos Márcio Arthur e Yamille Priscilla]


Quando você foi embora...depois de ter me deixado um tanto quanto perplexa, eu pensei que eu ficaria bem, bem mesmo. Me enganei. Não que eu tenha me entregado ao desespero, ao abandono e à tristeza. Mas, não - não deu tempo de me desvencilhar da tua pele. Ela grudou na minha. De verdade. Tanto, que me arranha até agora. E eu ainda não havia entendido a razão das marcas iminentes: eu não vivi teu luto. Sim, você não morreu pra mim. Não me dei esta oportunidade; não me entreguei à dor. À necessidade de chorar...Não fiz questão de me transformar em uma assassina. Eu quis que você continuasse a viver. Mas neste mundo só há espaço para um de nós. E esse "nós" não é você. Permita-me que inunde meu travesseiro de lágrimas. Que meu coração aperte de saudade. Que eu engasgue cada vez que citar teu nome. Permita-me que eu não recorde de coisa alguma. Que eu não ouça nada que me leve ou emane de você. Que eu não sinta mais o teu perfume e, muito menos, descubra onde te escondes. Permita-me que eu fique muda: na solidão do meu canto, até que alguém venha e acenda as luzes. Me pegue no colo e me faça carinho novamente.



[e, por favor, não me assuste em dias de chuva. obrigada]