domingo, 13 de abril de 2014

Diga boas verdades ao seu coração

Ao som de Angra, Bleeding heart.

A vida vai te pregar peças, bem sabes disso. Machucar será oportunidade. Doer será fundamental. Viver mais umas dez vidas será uma regra.

Vai ser preciso disfarçar. Vai ser preciso pedir resgate. Vai ser difícil morrer algumas vezes. É necessário dizer adeus quando a parte que aparentemente nos deixa vivo resolve ir para um reino “tão-tão-distante”, anunciando o fim.

Viver é um ciclo de acabamentos. Acaba. Acaba mesmo, e de verdade.

Só que a vida vai te pregar peças, lembra que falei? Vai te pregar as peças do “de novo”, “de novo”, “de novo”...do “mais uma vez”. Vai te contar aquilo que muitos não deverão saber - e nem sentir – por você, por mais outras milhares de vezes. A vida vai te pedir aceitação.

Ela vai te chamar para ficar.

O amor vai te pedir serenidade. O amor vai te pedir “fica inteiro, mesmo com os pedaços colados, mas fica inteiro”. O que vai te brilhar os olhos, vai te fazer perder o caminho só para você ter uma chance do reencontro. Sempre.

Tenha medo, mas não perca as forças. Tenha amor “a ser acabado”, “deletado”, “findado”, mas não se exima das probabilidades de refazer o passo a passo.

Se tenha. Isso vai bastar.

Diga “olá” para tanto, para sempre, para o mais logo. Seja legal consigo. Você precisa de você bem mais que qualquer outra pessoa.

Diga boas verdades ao seu coração: diga que quer viver mais do que tudo nesta vida. Que a vontade de continuar suplanta a possibilidade de deixar uma nuvem negra pairar em cima de suas decisões.


Diga, apenas mais que constante, que você veio foi pra ficar.

E só.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A volta

É, eu sei, agora eu sei: você vai me fazer falta, moço. É doloroso sentir, bem pior do que saber, que você se foi, que agora sou apenas eu e eu mesma e que a parte que um dia me transbordou, foi derramar algo a mais do outro lado da avenida. A gente acabou. Chegamos ao ponto final.

Outro dia li um livro sobre términos: a garota da história mandou todas as lembranças do que foi o amor deles por meio de uma caixa. E no fim, ela sempre explicava "Foi por isso que a gente acabou". A gente está tendo o mesmo fim: só que eu não te mandarei as lembranças pois estou deixando-as roerem o que sobrou de nós em mim e tenho a certeza que nada vai ficar. Depois de um tempo, eu vou te ver por aí e não terá mais nada que me interligue a você.

[por quê?]

Eu passei a noite chorando. Não mentirei a você, não fingirei que nada aconteceu. Porque aconteceu e você sabe muito bem do que estou falando. Você sabe muito bem quem bateu a porta na minha cara e deixou minha alma no sofá, desoladamente, sem par. Você sabe muito bem quem tentou até o último gole de café que sempre significava que não era para você ir, e sim, ficar para mais uns três dias. Você sabe muito  porque resolveu partir em retirada. 

Eu recebi uma carta sua. Estava em cima da mesinha da cabeceira da cama. Em um lugar deveras impróprio. Não sei não, alguém tinha que ficar com ela. Mas esse alguém tinha de ser eu? Ela ainda trazia seu perfume...deve tê-la escrito após o banho. Você sempre foi ritualístico: principalmente quando queria dizer alguma trapaça. 

Eu sempre estive por aqui. Hoje já faço questão que você não esteja mais. Atravessou a avenida, me levou na mala, me deixou no parquinho do caminho. Fiquei à noite inteira por lá. Fez frio. Doeu mais ainda. Me vi forçada a voltar para casa. Aqui tava menos frio, apesar de imensamente vazio.

Dói saber que você foi embora para nunca mais. Dói saber que o fim veio. Mas dói bem menos, hoje, pelo fato de teres me deixado voltar. Pra casa. Que um dia foi sua e que agora não é mais de ninguém daquela época. As minhas sobras foram pro lago. Eu eu voltei pra casa. Nova.