quarta-feira, 30 de março de 2011

Me ouça...


"...eu tô te esperando. Vê se não vai demorar."

Destilados vencidos não movem ressacas





"Águas passadas não movem moinhos". Quem quiser desfrutar do desfrutível, que siga em frente. Destilados vencidos não movem ressacas - na certa, apenas alguns desconfortos. Regra geral: movimentam, mas não giram.

domingo, 27 de março de 2011

Das desistências que fazemos na vida - Tomo II

A vítima que nos tornamos. Das brincadeiras que nos aprontam.

E é porque machuca sempre. A mentira, a dissimulação, o desacordo, a falsidade, o desarranjo, o desconforto, a desconfiança, a falta de amor. É porque tudo isso machuca. E há brincadeiras e há maldades. E há música e há silêncio ácido. Tudo isso só para te machucar. E a gente cansa de tentar  ser feliz porque achamos sempre um, dois e por azar, muitos, para nos levar a um eterno carnaval. Brincar de baile de máscaras, esconder o rosto e deixar sempre tudo para o final. Para doer mais. Para te ferir mais. Para te persuadir um pouco mais. E você crê no aparecimento de sua salvação. Não. O que lhe surge é o passaporte para o desleixo. O desvio. A estrada perdida. E tudo aquilo mais que te deixará com escoriações. Mas um dia a festa acaba. A música para. A banda já terá passado. E tudo finda. E a gente desiste de mais algumas coisas. Inclusive de ser vítima.

É para Hoje!

"Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo."


Das desistências que fazemos na vida - Tomo I

Você é capaz de suportar tudo e todos. Mas só até a página 21. Na página 22 as coisas já começam a se tranfigurar. Sim. "Transfigurar" é a palavra mais adequada: o preto vira branco; o doce vira amargo; o belo fica feio; e a paciência torna-se cansaço. Na página 22 você cansa dos pormenores, das cobranças indevidas, da falta de consciência, da mesmice, da falta de inteligência, da vida minúscula de outrem. Estagna-se da mente pequena dele; do mamãe fará isso; papai fará aquilo; da falta de sangue e de pulso. Você se cansa de ver sua tão suada inteligência (oh, sim....palmas uma vez na vida para a prepotência) esvair-se por conta dos 15 minutos de burrice destinados a 'Zé Povinho'. Alguém que tem o rei na barriga; que tem uma quantidade nada equivalente de neurônios na cabeça; alguém que não é do seu tamanho; e não vai crescer como Alice. 



















Você foi tão bem preparada para a independência, tão bem instruida e deixa-se, cegamente, levar-se por pessoas destemidas. Para quê sucumbir sua inteligência, sua sapiência, se quem mais precisa dela é VOCÊ mesma???? Para quê entregar-se a determinadas vicissitudes desta vida, tão efêmeras, tão chamuscadas de migalhas, sob a enunciação de "Eu gosto muito de você, mas, você não tem tempo para mim". Ahhhh.......misericórdia!!! Misericórdia deste cérebro que precisa ser oficina de coisas úteis, coisas que façam valer a pena, ao menos um minuto. Não desperdice sua saliva com coisa pouca. Só vai te dar mais sede. Sede de desgate. Apesar de tudo, confie em alguns clichês; na sabedoria popular: "antes só que mal acompanhado". Saiba que você pode estar só, mas bem acompanhado. Ser só e ser uma boa companhia para alguém. Alguém de carne-e-osso. Não um protótipo de " meu bem, meu mal". Até porque, nem todo protótipo sai do papel. E outra, talvez o alguém que você procura, esse alguém que você não consegue encontrar, esteja esperando por você, sozinha. Para tornar-se o outro lado desta solidão. Uma solidão que transformará o 1 em 2.


Sobre algumas desistências que PRECISAMOS fazer nesta vida.

domingo, 20 de março de 2011

Someday we'll know...

 
...Why I wasn´t meant for you.

E ponto final.



"Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora o Se..." 




Para alguém chamá-la de "Minha"

Alguém sempre espera outrem. Fato. E ela também esperava. Por um alguém que custava chegar. Custava ligar. Custava vir. Custava existir. A ansiedada era tamanha que, volta e meia, ela se deparava em desencontros mnemésicos.E por mais que ela tentasse, de alguma forma não conseguia sair do século das luzes; as quais se apresentavam  a ela quase sempre apagadas, ou ao modo 'meia-luz' - o que lhe era muito pior. E entremeada a folhas perdidas e canções sentimentais, ela se perdia. E não havia nada que a fizesse encontrar-se. Ela relutava em acreditar na inexistência de um alguém; um alguém que a chamasse de 'minha-alguma-coisa-boa'. Ninguém. Ninguém interfonara lá de baixo. Ninguém a levara para sair. Tudo isso porque ela era 'gente' demais. Havia nela mil outras meninas; mil facetas de mulheres; que, aos olhos de uns e outros, não poderia fazer-se uma. Única. Exclusiva. E bastante. E isto não lhe amargurava. Não lhe destruia. Mas lhe entristecia. E ela perdia o brilho nos olhos....quando se lançava frente ao espelho: somente ela, ali, face a face com a verdade, poderia pensar no silêncio. Era o suficiente para ponderar as saídas. Uma saída que lhe fizesse rainha. Forte o bastante para não se entregar em apenas uma 'minha' para alguém chamá-la apenas uma vez. Contudo, ela sempre vai pedir para voltar pra casa. 'Possessiva' ou não.




sábado, 19 de março de 2011

Saber amar...



saber deixar alguém te amar.

"E quando ouvir alguém falar no meu nome....eu te juro que pode acreditar nos rumores"


"Chegaram as tardes de sol a pino,
Pelas ruas, flores e amigos,
Me encontram vestindo meu melhor sorriso...."

Temporada das Flores - Leoni


sexta-feira, 18 de março de 2011

Tantos outros pesares que faziam parte

E ele vinha todo cheio de 'poréns'. Jamais ele saberá o conteúdo ilícito que passara como um avião pela mente dela: ela bem que queria expô-lo, mas a educação e a retidão com a quais nascera, não lhe permitira. E ele vinha todo cheio de si, tomado por uma razão quadrada, uma retórica redonda - sem borda -,  e uma disseminação de absurdos. Ela, não mais que espectadora, observava-lhe minuciosamente...de um modo tão sublime e ao mesmo tempo tão esnobe, que, até ele, perdeu-se em si mesmo. 

O que o indivíduo reclamara era natural - para o mundo no qual  Ele persistia em residir. Um mundo de 'backstage', de 'folowing', de ' debaixo de asas', de 'terceiros', 'quartos' e 'quintos'. Espaço de tentativas ensaiadas, de natação rente à maré e devaneios e devaneios e devaneios.........Já ela não. Para ela não bastava o senso comum; a moda; as paráfrases e um quarto e meio de revolucionários. 'Todos os gatos se pintam', concluira ela. Por ela, ele poderia lançar-se porta à fora: pessoas existem  não somente para existir; não somente para tornarem-se dados; mas logo e no entanto, somente para serem pessoas - jamais decoração de estantes que, diga-se de passagem, nem mesmo de ébano ou de outra lei são.

Por mais que a música dos dois ainda tocasse, em um permancer de quatro estações, já não havia  possibilidade alguma de ambos os corpos, das similares massas, ocuparem lugares comuns. E tudo que ela dizia, tudo que ela não dizia, parecia ser desculpa de moleque.E ele não se contentava em cobrá-la. Não perdia a oportunidade de usar uma venda nos olhos e bloquear sua visão para o que de mais significativo existira. Ela, por sua vez, permitia-lhe os embaraços. As discordâncias. A dissimulação e a variedade. Ela já vira esse filme uma vez e já sabia o final. Ele não. Ele não sabia que, naquele filme, na obra dupla, haveriam disputas. Partes autônomas. Mundos cordiais. Palavras suprimidas. E algumas negações.



Ela já nascera dona de si.

domingo, 13 de março de 2011

Lux

E ela se permitia seduzir porque acreditava na capacidade persuasiva da raça humana. Algo tão inato como a linguagem: seja da displicência, da comunicação inofensiva ou do dizer sem palavras. Valia a ela conjugar e proferir determinados verbos sem contar com muitas palavras. E ela se despia. Se despia....parte à parte. Em câmera lenta; em zoom zero e resolução "quanto mais nítida melhor." E ela locucionava como uma ninfa. E ela se contorcia como se estivesse possuída por um algo metafísico. E ela exalava o feminino - sem esforçar-se para chamar a atenção. E seus espectadores desfrutavam minuto a minuto. Cada espaço de tempo era uma eternidade situada em segundos. E muitos deles se degladiavam para vê-la. Os segundos eram cada vez mais complacentes. Nada mais importava àquele público que não fosse o tardar daquele ser. E por mais que eles lutassem....ela permanceia lá. Sobre ela, holofotes; abaixo dela, escuridão. No mais, o que ela tinha em seu campo de visão era a mistura de 'algos' e 'tantas outras coisas'. Por um momento ela fora mais além do que sonhara.

domingo, 6 de março de 2011

"As palavras fogem se você deixar "


Muita coisa acontecia no apartamento dele. Muita coisa ele escondia do mundo, mas, no entanto, só revelava a ela, bem ali naquele lugar. E aquele lugar era o infinito deles dois. Nada mais cabia ali que não estivesse relacionado a eles. Tudo era tão concreto, tão real. Era uma espécie de confessionário, de refúgio, de encontro de palavras e liberações de canções. Ele era fechado. Mas, em casa, acabava todo o silêncio com seu amor. Era com ela que ele conseguia ditar todas as palavras que lhe interessavam - e ela, calmamente, ouvia sua enunciação prodigiosa palavra por palavra; verso a verso, sem perder o ritmo dos entreolhares, tampouco dos acordes snfônicos provindos das emoções advindas dos dois corpos. E com o tempo.....e com a convivência, e com um esforço-efeito e com uma lista infidável de razões, eles permanciam felizes. Todas as fotografias diziam algo sobre eles. O sol que batia à janela, "as cores, figuras e motivos" serviam-lhes de resenha, de ensaio e de toda uma larga produção amorosa. E falando em motivos, havia catalisadores para tudo: para as brigas, para os carinhos, para as portas fechadas e para as janelas encostadas. E tudo se encaixava, como deveria - e poderia - ser. Preenchê-los. E o amor entre eles era  bonito. Não que fosse diferente dos outros casais, mas era porque era amor. Apenas isso. Nada mais além do que o normal, nada mais além do simples, nada mais além do sublime-amor-querido-amar. Nada mais consubstancial do que unir 1 com 1 e fazer 2. Nada mais que mandar a solidão retirar-se, pedi-la que tire férias prolongadas. Nada mais além do que o tempo pode fazer. E que o tempo não vá transformar em prova de amor. E que todos os bilhetinhos já escritos por ela não resultem em dois parágrafos. Não resultem em absorvição.