sábado, 30 de abril de 2011

No seu lugar

E eu não vejo a hora deste silêncio calar em mim. Conto os anos que levarei para dividir contigo as mesmas cantigas, a mesma falta de ar e o mesmo entrelaço de olhos. Eu conto os minutinhos para poder te ver. Sentir o teu perfume e ver se eu fico bem. Fico imaginando todos os nossos preâmbulos. Ensaios. Sem nenhuma palavra ensaiada. Sem nenhuma palavra escondida. E eu vou querer sempre roubar-te um sorriso. E eu sempre vou querer segurar-te pelas mãos. Vou querer que dividamos, do A ao Z. Caminhar pelas ruas sem muitos becos, mas com transeuntes a nos observar. Vou estampar sua descência, esconderei teu menu, serei tua cabeceira e então, sua. Tomarei precauções para que tudo saia. Neste ritmo quase descompassado - sustentado por mil pedacinhos de você. Espero-te tão breve e tão logo, até onde eu não deixe de te amar. 


sexta-feira, 29 de abril de 2011

'Voando sem instrumentos'

"Eu não vim até aqui
Pra desistir agora"
E.H.

E eu que pensei...


E a sensualidade dela era tamanha que me arracava por completo. Se ela estivesse transvestida em pérolas, juro, estaria uma deusa. Ela tinha uma coisa...uma coisa meio destoante, embaraçante, intrigante. Nossa! Como ela se aprsentava...Se ela fosse uma fotografia preto-e-branco, diria tudo - preto-no-branco. Sim. Ela era a metáfora daquilo que não estava escrito nos fins de contos de fada: ela era o negativo; o lado obscuro - aquele lado obscuro que você sempre espera que alguém te revele, para fazer de você uma "vítima". O blues não acabava de jeito nenhum. E eu já estava a me sucumbir. Eu, tão forte e tão grande; embasbacado com aquele trejeito malígno de ser. Eu vi, um jeitinho feito com a mão....bem-no-meu-ca-be-lo. 

- Não me deixe acordar deste espetáculo...[sussurrei]

- Não mesmo. [ordenou ela]


{... e eu que pensei que fosse vivo o suficiente
para não ver encanto 'na frente de mim'. 
É, apenas cogitei.}


terça-feira, 26 de abril de 2011

Vencido o prazo de validade


E quando eu começar a ser partícipe desta história, eu já conhecerei toda a peripécia. Você me conquistará em uma festa. Deixará entreaver a ligação no dia seguinte - confesso que ficarei surpreendida - e ligará. Inverossimilhanças prosseguirão. Surgirão os convites. As ligações. As mensagens. Os caprichos de saudades. Os encontros virão com mais frenquência. Seu discurso conterá palavras devidamente calculadas. Olhares e toques devidamente ensaiados. A sua seleção musical será condizente a todos os momentos e você falará que vai cuidar de mim. Utilizará artifícios  propícios para que eu me derreta e para que eu, volta-e-meia, distribua carinho a você. Você me deixará em casa. Me buscará para fazer-te companhia. Permitirá que eu escolha os lugares, o cardápio etc...etc..e tal. E eu estarei bobíssima acreditando em você. Acontecerá 'aquele' hiato (ou de ar ou de palavras). Você terá compromissos - em que eu não irei. Amigos - que não adicionarei em minhas relações. Palavras - que eu não ouvirei. E amor - que você não poderá me dar. Você já estará vencido. Depois de muitas viagens. Muitos translados. Machucará, sem reparos. Estragará, sem outro destino que não seja: em um lugar distante de mim. Não sentirei falta daquilo que nunca terei.

Máximas


Até o fim. Objetivo. Observar. Concluir. Escolher. Mesmo que muitos silenciem aquilo que realmente grita por dentro. Aquelas vontades loucas, ditas rídiculas, incongruentes, ultrapassadas - resumidas a fórmulas e desgastes. Há força maior sobre mim. Há algo que me benze. Não quero que máximas, filosofias baratas e teorias acéfalas façam parte de minha mesa de cabeceira. Quero que me sirvam como placas - apenas avisos. Mas não como resultados. Eu tenho o gênio forte. Caráter explosivo. Sometimes, impaciente. Meu fluxo é estranho. Meu olhar sempre pro "nada" (antíntese). Minha boca, uma máquina de plavras que (praticamente) não cessa. Meus braços podem abraçar o mundo, mas minhas pernas só saem do lugar se o mundo for mesmo de verdade. Meus ouvidos? Eles gostam de ouvir: tudo. Autoanálise: exercício feito no ônibus, debaixo da cama, no restaurante, na água do mar e no posto de táxi. Não tenho problemas quanto a isso. E sempre dou aquela rastreada, para ver se me encontro por aí..na pele de muita gente diferente de mim. Não custa nada [ponha-se no lugar da pessoa]. Quero ser eu mesma. O mundo desaba, o mundo cresce, o mundo chora e o mundo saculeja. Quero estar sempre em minha companhia. Arrumadinha. Para apenas me agradar. Quero me ver nas pessoas. Isso porque tenho medos e não nego a 'ningas'. Luto para perdê-los e rezo para sempre ganhá-los. Não que eu tenha medo da vida, de viver. Mas há coisas extremas tão sem sentido: tenho medo do gato de Alice no País das Maravilhas. Ele não funciona na minha lucidez. O que dirá as coisas reais. Tento me distanciar do convencional, do público e do comum. Gosto do verdadeiro. Do palpável. Do duradouro. Não é defensiva. É amor por amar-se.

Estou a me colorir por aí. Cheia de nuances. De tracinhos.
De pontinhos de luz. Talvez assim...do nada. Vai dar certo.
ELE me benze.


Desfrute


Nós sempre gostamos de uma boa música. Nisto, nós casávamos. E lá iam alguns ensaios pela sala. Bem que você tentava...na maioria das vezes, conseguia. Porém, meus pés e a mesa de centro do "salão" têm ainda muitas histórias para contar sobre você. Mas que era tudo muito engrçadinho, ahhh....isso era sim. Seu jeito meio estabanado para as coisas; meu jeito expansivo de ser. Era Pearl Jam que tocava naquela noite. Era um Pearl Jam diferente. Era um entrelaçar de pés nunca percebido. "Soldier of love" pode não ser a escolha de muitos casais. Mas foi a nossa. E, de verdade, foi a melhor de todas as nossas apresentações. O rock já não pulsava nas caixas de som. A melodia era nossa. A voz do Eddie soava muito mais forte; muito mais, encorpada.  Abraçados em um nó sem resoluções, duramos aproximados 3:00min. A certamos nossos passos. Mas não as nossas vidas. Play (again).


 

sábado, 23 de abril de 2011

Times


Seria muito condizente minha recusa. Minha desapropriação de espaço. Minha negação dos segundos e tantas outras possibilidades de registro de tempo. Times. Inimigo de muitos. Companheiro de outros. Vilão para uns. Coadjuvante imprescindível. Chronos. Não tenho medo dele. E não tenha medo dele você também. Nos encontraremos adiante. O cafuné é propriedade minha. O casaco, sua. Temos muitos direitos. Direitos advindos de nossas escolhas trancedentes à linha da temporalidade. Vamos registrar tudo. Vamos participar de tudo. Doando um pouquinho de nós dois - em abos os sentidos: horário e anti-horário. Mesmo que/até que o relógio pare. O ano acabe. E o tempo morra.

Vade Mecum


"Aquela festa o que me resta
Encontrar alguém legal pra ficar"

Vade Mecum. É um anseio pelo qual todos nós uma hora ou outra pedimos para ficar. Mas é em uma hora ou outra. Nos recusamos. Recusamos. Rejeitamos. Não fazemos parte e não queremos fazer parte. Nos sujeitamos a tantas outras coisas - fáceis. Porém, aquele convite de caminhar ou dançar juntos nunca pode ser marcado em nossas agendas. Os pais sempre nos ensinam a não falarmos e não darmos intimidade a estranhos - mas isto, é quando você é criança. [Todo mundo é estranho até que este alguém passe a ser de nosso conhecimento.] Quando crescemos, já podemos nos defender. Mas não. Persistimos e insitimos nas limitações. Em algumas regras e tantas outras normas. E vamos julgando tudo muito bonito e tudo muito normal. Contudo, flor que é flor de verdade, tem seu próprio momento de desalento; des-pe-da-ça...de-va-ga-ri-nho...Daí, é dado o insight e descobrimos que queremos que alguém una todas as pétalas e as guarde em uma caixinha. Vade Mecum. E este é o nosso pedido. 

"Then it can't escape your love"


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Us

Nossa música deve estar tocando por aí. Nos versos de alguém que procura falar de amor. E é só. Isto porque, da última vez, da última vez que tocou, foi para o sublime desfecho. Ela parou. O vento cantou ao longe. A porta bateu - pena que foi para você seguir no "após". Você abraçou-me. Jurou-me volta; jurou-me voltar. Foste bem breve. Arrumaste tudo, pouco a pouco. Enunciação a enunciação. Eu fo-to-gra-fei um pouco mais do tempo. A love song tornou a tocar - só para dar a relevância que pedia teus desalentos.Rezei para que não fosse. Pedi para que não fosse. Espero, com paciência dourada, pelo retorno. Retorne.Esteja aqui antes do sol. Entre nosso abraço não restara nem se quer uma vírgula. No ponto final registramos palavras não ditas. Você guardou na mala todas as nossas frases; todas as nossas lembraças; todas as nossas danças. Restou apenas eu - o caderninho escrito a mãos duplas. Estou cheia de palavras. A nossa música deve estar falando para alguém, que nesta vida ainda há caixas para o amor. Ainda há gavetas para a felicidade e ainda há cestos e mais cestos...e mais cestos para as demais passagens do coração. Eu estou te esperando. Bem por aí. Que é para ver se você chega mais rápido. Nossa vida, eu desfiz e pus em um baú. Apenas recordações. Para cada lugar, uma nova vida. Quando nos encontrarmos novamente, serei outra. Se você for o mesmo, deixe-me apenas te abraçar - já saberei quem és. Só volte. A sua chave continua no mesmo lugar.

Das desistências que fazemos da vida - Tomo III


Seguindo em frente para não perder a viagem. De novo.

E a gente enfatiza o ponto final. Paaaaa-rou. E a gente enfatiza o que já se foi - e que não deverá ser futuro. Cor-ta! E assim prosseguem nossos passos. Alguém, aparentemente imprevisível, insiste em ser mais um. Poxa, será que não podes fazer a diferença? Precisa entregar-te ao 'doce deleite' do abstrato? Precisa fazer de si próprio alguém irreconhecível na multidão? Será que dá para ser você? Fecha digressão.Incomoda assistir o desleixo de alguém. A falta de exímia verticalidade. De olhar alto. De datas vencidas - tanto de vícios quanto de virtudes. E falta. É um vazio tão preto e branco; tão perdido; tão insensato. Pouco. Pouquinho. Daí, a gente pega e diz: " Tchau". Nada de horizontalidades - o horizontal é tão permissível, tão acertivo, quanto uma faca de dois gumes afirma ser. E a escuridão - melhor, a falta de luz - é áspera; não muito efêmera...mas fria. E mais um ser de vento na cabeça se perde. E você deu importância a ele só pelo fato do mesmo ter te proporcionado um sorriso. Mas como você não é robô para vivver de programações, não fora o suficiente para o momento dito " certo" pela tal pessoa. Ela divagou. As palavras não fazem muito sentido. O que ela faz também é incoerente. O significado não corresponde ao significante. Você não pediu para ela permanecer por muito tempo - você só quis que ela soubesse do valor, da grafia, do perfume, dos sons, do sabor e de tudo que porventura proveio dela e que ligou-se a você. Porém, capítulo encerrado.Já pedimos licenças infinitas vezes - com razões distintas e objetivos concretos. Contudo, outrem apenas te achou bonitinha. É a horizontalidade. Ela implica em ilusões corporativas. No simplório. Na injustiça. E na infelicidade.[ Já ouvi por aí que " vida boa é a dos outros". Claro! Claro que sim! A vida alheia tem sentido porque eu não sou capaz de ser o outro; idêntico. Como não sei, logo minha vida não se parecerá com a dele e, portanto, minha própria existência não existe.] Comentar vai custar um pouco caro. Pulemos. Depois de mais um desencontro - creio que nos deparamos com um vidro, mesmo - perdem-se forças. Alguém nesta narrativa terá de fazer-se protagonista. Porque, outros não serão capazes de coadjuvar. O encontro acabou. Ele não te leu. Não te viu. E é hora de voltar para casa. [Afinal, alguém vai te esperar amanhã. Pois, quando uma novela acaba, há sempre uma seguinte a ser lida - " onde os fracos não têm vez"]. A licença poética é sua. Termine.



terça-feira, 19 de abril de 2011

Lembrete


Ainda insisto em esperar pela sua visita por acreditar que o nosso espaço de tempo logo ficará pronto. Deixo todas as luzes acesas para que você tenha toda certeza de que estou em casa. Deixo a porta aberta porque, talvez, você tenha esquecido a chave.Permaneço com o telefone sempre perto - vai que você decide mudar de ideia e eu é que terei de ir ao seu encontro. Permaneço com o mesmo endereço, com as mesmas manias, com as mesmas insaniades e o mesmo coração. Quando você chegar, apague as luzes 'elétricas'. Elas já não me servirão quando você estiver na minha vida.

domingo, 3 de abril de 2011

Das coisas que justifcam minha alma

Em suma sou feliz. Tenho pai, mãe, casa, cama gostosa, gato para fazer carinho, livros para fomentar meu conhecimento, emprego para me fazer últil, faculdade para me fazer gente grande. E tenho, também, um conjunto concreto de amor, de felicidade e de parceria. Minha linha fraterna se estende a anjos que me carregam todos os dias, aos melhores lugares, com os melhores passos e as melhores paisagens: meus AMIGOS. Não são tantos assim. São (grandes) assim - você não os viu por que os mesmos não cabem aqui. Aqui, registro uma breve abreviatura destas almas que justificam boa parte da minha vivência. É um amor tão recíproco, tão verdadeiro, que, tendo vinte, vira um. A vida - e DEUS, em si - estão cobertos de razão. Das coisas que justifcam minha alma : faltam-me palavras.