sábado, 1 de setembro de 2012

Das intermitências da paixão e das penitências da saudade


Sobre a paciência a gente sabe bem pouco: só sabemos mesmo quando nos dispomos a conhecê-la. Tarefa árdua, teste de sobrevivência, mas com um fim satisfatório. Não necessariamente na ordem "felicidade-felicidade-desilusão do fim". Talvez seja mais apropriado afirmar que a ordem poderá ser "desilusão no início-felicidade-felicidade-desilusão da parte do meio-felicidade-lição". Perceba que o fim não veio. E nem virá. 

Paixão faz parte daquele conglomerado de sentimentos que aprendemos a sentir sem pretensão alguma e quando nos damos conta, já passeamos pelos diversos estamento que a formam e já aprendemos um pouco mais do que é a vida, também.

O esforço que ela fazia era hercúleo. Nem ela própria se reconhecia. Para e respira...respira e para. Continua. A sensação que ela tinha era que estava a persistir pelo (e no) vazio. Lutava contra  o silêncio e percebia que, por vezes, falava com as paredes. E falar com as paredes era uma tortura para uma menina de alguns vinte e tantos anos quebrados sem fastio. Ela queria tentar, para que depois não se arrependesse de não ter se dado aquela oportunidade. De fato, a probabilidade de desistência não lhe saía da cabeça. Para o momento em que se encontrava, divisão, partilha e união se coadunariam a favor de todo o universo em que  habitava. Ao mesmo tempo, rezava para não ser egoísta e, nem mesmo, repousar nas dependências de Narciso. Mas já doíam-lhe as palavras. Alguém na história parecia não querer entrega, apenas devolução. E a devolução é um transtorno maior que o estágio inicial: vem no pacote a saudade, o "tentar" submerso, a ida quase que em vão e a vontade de ter permanecido um pouco mais - além das linhas que pareciam já terem sido escritas. Mas ela sempre fora persistente nesta vida: se espetara várias vezes dando "murro em ponta de faca". Mas, da pouca matemática que sabia, a "prova dos nove", sempre a agradara. 

Por fim, mesmo nas intermitências de uma paixão, que aos trancos e barrancos não sabia se concretizavam-se ou se caíam no esquecimento, deixou-se levar pelo vento do indefinido.  Aceitou que penitências amorosas ainda nos tiram da possibilidade de não descobrirmos o que nos faz realmente vivos, demasiadamente humanos. E, quem sabe, mais próximos daquilo que é justo.