quinta-feira, 30 de maio de 2013

"Marina, morena, Marina...Você se pintou..."

"Então me diga quantas vidas você tem?"
Ao som de "Quantas vidas você tem", Paulinho Moska

Para quê  uma piscina, se podes o mar?

Moça, "deixe meu último pedido para trás", e vamos falar um pouco de você. Há muito venho a perceber-te e conclui, para minha desbotada desilusão: não estás nem aqui, nem lá. Não descobriste ainda se ficas, se permanece ou se vai embora. Onde, afinal, queres estar. Ao passo que tentas revelar-te, seres mais notável, torna-te passível de você mesma. És teu núcleo e isso é uma questão que merece ser revista. Há perigo na contramão. 

Pergunto quantas vidas tens porque pareces ser um polvo, e, ao mesmo tempo, não consegues chegar para perto de si. Até te conheces, mas não te sentes. Veja bem: você sabe que a pele do Paulinho é negra, mas és, ainda, incapaz de senti-la. Vitimizas. E isso não lhe parece estranho?

"eu olho para o infinito e você de óculos escuros"
Aceito suas escolhas, mas deixo claro: não dá para entendê-las, apenas agregá-las a uma série de situações/definições/contradições/especulações nada construtivas. Tem alguém que precisa alinhar todos os sóis do planeta, para que a vida venha a fluir. Direi que o espelho andas a atrapalhar-te, moça. Deixo claro que acredito que estás a complicar tudo, a girar o mundo em tua órbita e, quando tudo ganha força, somes: ou vá ou fique. 

Boa parte de nossa má sorte e de nosso descontentamento saem do armário do nosso quarto. Nem todos nesta vida gostam de bagunça, porque, atrativamente, a bagunça não oferece um achado na primeira tomada. Cuidado, arrumar o quarto depois que já se conhece é mais fácil. "Marina, morena, Marina, você se pintou" de todas as cores; ficou confuso, menina. Ficou confuso...Não que queiramos que sejas unicolor, mas não necessitavas explodir tanto assim. A vida vai te perceber na transparência. Talvez alegues que este seja teu modo, mas "Marina, morena, Marina, você se pintou" de modo compulsivo que a gente não consegue te encontrar.  Um jeito que você não se consegue. 

"Marina, morena, Marina, você se pintou", e sobrou tinta. Tintas de você.

sábado, 11 de maio de 2013

Rodapé, fonte 5. Para quietar.




" É melhor ser rei do teu silêncio...
    ... do que escravo de tuas palavras".

E é sobre a quem contar as tuas palavras. E é sobre a quem dizer teu discurso. E é sobre a quem referenciar tuas entrelinhas. E é sobre a quem entregar teu livro.

Isso porque o silêncio ainda pode nos levar não mais à loucura, mas sim ao topo do barulho. E as nossas palavras podem nos pregar belas peças se lançadas pelas mãos alheias. Voltar aos farrapos virão. Nada do que foi será como antes e o antes planejado foi desfeito por quem não sonhara os teus sonhos. Ah, foi só porque eu quis dividir...mas aprenda a lição: sonhos não foram feitos para serem divididos, mas, talvez, para ser emendados a outros sonhos...depois que um torna-se real. Mas só depois de um tornar-se é que a vida ganha tino. E as palavras viram árvores a serem cuidadas, podadas e frutíferas. Acredite no dúbio lado da vida e das pessoas...cuide da alma, do espírito e das palavras. Trabalhe o silêncio....cuide do espírito, da alma e das palavras...porque neste mundo o mais ingênuo e o mais cruel são extremos, e extremos chamam atenção e atenção incomoda e atrai. E não vou falar da felicidade porque esta deve ser obrigatoriamente clandestina. Clandestinamente particular. 

Que o nosso corpo, nossos olhos, nossos ouvidos
e nossos lábios tornem-se, 
 túmulos.