Eu queria ter nutrido aquela nossa amizade.
Eu queria ter nutrido nosso pacto porque tinha cara de construção. E não de projetos. Daí se tivesse vodca? Daí se tivessem os meus e seus livros? Daí se havia uma volta no caminho? E duas? Daí se tivessem listas de pessoas, sacolas de despesas, garrafas vazias e Chico Buarque escondido no fim da prateleira? Mesmo assim nos valeria. Daí se houvesse um português errado - como esse meu agora? Ah...eu queria ter nutrido a nossa amizade. Ela me fazia sentir o gosto doce da vida e eu ganhava jujubas quando nos encontrávamos.
Amizades não devem ser jogadas fora porque são amizades, leia-se: parte "suficientemente-suficiente-grande" e cremosa de nós. Amizade é doar. Sem medo de tentar ser feliz, e, se não for, que seja uma ligação deveras interessante o bastante para que alguém tenha vontade de sentar e conversar em uma outra nova vez.
Ser amigo é ir de novo. Voltar se precisar, pedir carona se certo for e pular do caminhão caso também seja conveniente. Que amizade seja ir à praia e pular as doze ondas. Que amizade seja viajar e perder-se no destino da rua da ladeira - a corrida é tão boa que não interessa onde a descida vai dar: vocês estão e estarão juntos quando a velocidade chegar ao fim.
até o fim.