terça-feira, 6 de setembro de 2011

Foi algo assim.....para falar deles dois (parte 3)

Parte 1
Parte 2

Fred abrira os olhos agora com mais coragem. Ele precisava saber o que estava acontecendo, onde estava e o que Marina fazia lá. Mesmo tonto, ele sentia-se estranho de duas maneiras: a primeira era por conta das dores: pés, cabeça, tórax e as pernas lhe doíam muito; a segunda era por conta de uma sensação estranha e, ao mesmo tempo, confortável que sentia por saber que havia alguém ao lado de sua cama, tomando-o pelas mãos. Mas, logo ela?
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A turma de Fred e Marina organizou uma festa para comemorar o aniversário de um dos amigos. Festa vai, festa vem, lá pelas tantas da madrugada, Frederico já não se continha sobre as pernas. Muito álcool. Com um olhar apertado, Marina o observava ao longe, como quem quisesse chegar mais próximo e levá-lo para casa. Festa acabando, coincidentemente os dois saíram ao mesmo momento. Marina foi em direção ao seu carro e, Fred, totalmente impossibilitado de dirigir, segiu rumo ao seu, sem companhia alguma ou, até mesmo um " anjo" que lhe fizesse o favor de dirigir seu carro na volta para casa. Ele saíra cantando pneus; e Marina fora logo atrás - o caminho de ambos seria o mesmo até um certo ponto. Ou será que não? 
Marina percorria o caminho de volta com uns 70km por hora. Frederico corria tanto que não estava no perímetro dos olhos dela. Contudo, mais adiante uma surpresa: um acidente. Um carro completamente destruído, sem socorro, em uma parte completamente abandonada na estrada. O motorista, mesmo preso entre as ferragens, ainda tinha forças para gritar. Marina parou o carro e começou a chorar: a pessoa que estava ali era alguém que ela jamais gostaria de ver em meio a dor. 
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- O que você está fazendo aqui? Aiiii.....Que aconteceu?
- Eiii, não faça muito esforço. [lágrimas] Você está no hospital...ontem você sofreu um acidente e, por pouco, não morreu. Você passou por uma cirurgia de emergência mas já está tudo bem...
- Ai...dói tudo....Mas, acidente? Como assim? Eu não consigo lembrar de nada....
- É, eu imaginei que você não lembraria. Você estava sob o efeito do álcool e bateu o carro. Ele não existe mais. Por Deus você não morreu. 
- Eeeu...eu...machuquei alguém.....?
- Não...não! Não havia ninguém no local.
- E como você me encontrou?
- Saímos ao mesmo tempo...Eu vinha logo atrás. Consegui te socorrer a tempo.
- Acho que será a primeira vez na vida que te agradecerei por algo. Muito obrigado.
- Não se preocupe....temos muito o que convesar depois.
- 'Conversar depois'? Você 'já' vai?
- Não. Não deixaria você sozinho aqui...
- Posso te pedir uma coisa?
- Claro!
- Deixa eu segurar a tua mão de novo?


Ela estendera a mão. Ele sorriu e dormiu em seguida.

domingo, 4 de setembro de 2011

Aquele pedido que só você me fez


" - Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
- Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
"
(Alice no País das Maravilhas)

Você pediu para que eu virasse a página. Pediu que eu recolhesse alguns cacarecos que eu sempre esquecia em algum espaço seu. Pediu-me que escolhesse entre o mais apropriado, o mais adequado e a próxima sugestão. Confesso que, apesar de ter um  relacionamento íntimo e meio que diferenciado com as palavras, demorei a entender tal mensagem. Apenas demorei. Pegar uma sacolinha para guardar meus tais cacarecos; deixar o frasco de perfume cair no chão e espatifar-se por inteiro e, ali mesmo, deixar aquele cheiro para trás; rasgar as fotos da memória e, doá-las a alguma instituição para corações sorrateiros; além dos filmes de uma love song que só tocou em uma caixa de som. Nada fácil. Nada abandonado por inteiro. Mesmo assim, aquele pedido que você me fez -  e que eu aceitei -, ainda está de pé. Talvez o que eu precise realmente é de uma temporada de "Eat, Pray, Love"...apenas "Eat, Pray, Love". Contudo, o pedido que me fizeste foi tão especial, tão bom, tão..tão...que não tenho palavras concretas para agradecer-te. Aquele pedido que só você me fez não se restringe apenas a (re)começar, mas solicita que eu própria me solicite. Que eu me conheça, que eu me dedique; que, por meio segundo eu possa me entregar às ordens de Narciso e tudo mais. Que eu me torne minhas próprias lembranças. Que eu seja metalinguística. Aquele pedido que só você me fez me ensinou que dois podem parecer dois e na verdade, serem nenhum e nem outro. Mostrou-me que se um quiser, dois podem ser um  e que você pode ser muitos sendo um também. Mas, acima de qualquer razão, que EU deva ser apenas uma - sendo uma, estando em dupla ou pensando em ser três. O teu pedido fez com que eu resgatasse meu Jonhson Baby esquecido no armário, alguns contatos no meu telefone, novas referências bibliográficas para a psicologia moderna, um perfume novo, mais um livro denso e tempo, muito tempo para não transformar o vazio em você. Aquele pedido que só você me fez, sem emitir uma só palavra, um só rabisco, é o guia que vou levando agora, entre minhas mãos...atenta para não perdê-lo. E eu te agradeço: SEMPRE. Você, sem querer, pediu-me para ter luz própria; para expandir horizontes e para entender sobre vinhos. Lembrou-me para que não me entregasse à generalização do mundo, a sofisticação e ao cultismo de outras cem mil léguas, sem antes avaliar os lados e as moedas. Você nem considera o significado do sete, mas tudo bem. O pedido que só você me fez incluía, inclusive, aprender a escrever (e assinar) as laudas dos começos, dos meios e dos fins.


"E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros." 
(Clarice Lispector)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"Que prazer mais egoísta...."

"Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer..."



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Matthew 5, 40





"And if someone to sue you and take your tunic,
 let him have your cloak as well."