Por: Sebastião Ribeiro
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
Pat Peoples poderia ser meu/seu melhor amigo
Talvez o Pat tenha os maiores problemas do mundo, problemas que eu e você talvez nunca tenhamos passado e que, provavelmente, depois de conhecer a história dele,rezará a todos os santos para não passar. Mas Pat, ex-professor, recentemente saído de uma clínica psiquiátrica, um cara de 30 anos que tem: mais de sete caixas de remédios para tomar duas ou três vezes ao dia; um pai que quando não está de lua, fala com ele; um irmão bem sucedido que se esforça para ser o irmão que foi um dia; um melhor amigo negro que também está no "lugar ruim"; um outro melhor amigo dos tempos antigos que tem uma esposa que o controla e controla a amizade dos dois. Uma mãe super dedicada; uma Nikki que é a causa de seus problemas e uma Tiffanny - que talvez seja a sua solução.
Tem também o Eagles, time de futebol americano que o situa no mundo (ou facilita o processo) depois que ele sai do "lugar ruim".
E uma figura importante, chamada Kenny G, que vai tentar matá-lo várias vezes.
Juntando todos, existirá uma meta: esconder de Pat o tempo real que ele ficara fora de suas vidas (foram anos, mas concretizar um tempo em uma escala é algo inviável a todos eles. Pat Peoples [ainda] não pode saber que passou mais de três anos tentando superar a internação, ocasionada pela infidelidade de Nikki, em uma clínica psiquiátrica, acompanhado pelo doutor Patel).
[ao som de Closing time, do Semisonic
eu sei que é de outro filme, mas isso não interessa]
Mas há algo que Pat Peoples enxerga melhor do que muita gente: o lado bom da vida. Sim, que ele tem "um descompasso psicológico", sim que ele corre todos os dias, incansavelmente, com um saco de lixo enfiado no corpo para poder perder gordura mais rapidamente, sim que ele faz isso para agradar a Nikki, sim que ele corre também todos os dias com a sua versão descompassada feminina - e ninfomaníaca, Tiffanny - mas nada disso faz com que Pat deixe de ser menos ser humano do que nós. E SIM, ele faz isso porque acredita que podemos e que existe algo de bom nesta vida; o lado bonito das coisas, a utopia que não é utopia, a realidade que é alcançável e subvertida por muito de nós.
Pat não é um louco desenfreado viciado em exercícios. Pat é uma pessoa que luta para ser alguém melhor, pelo simples fato de ter esperança que a vida pode ser boa. Sim, Pat poderia ser meu melhor amigo porque ele não ficaria no sofá da minha casa, apenas vendo Tv comigo, devorando um pote de sorvete depois de algum baque da vida. Se Pat fosse meu melhor amigo, talvez ele nem me chamasse para correr com ele e um saco preto ou azul de lixo, mas Peoples se esforçaria para ser uma pessoa legal pra mim, por achar que é importante, que me faria feliz, que seria muito positivo pra mim e no fim, eu estaria sorrindo e gostando de estar com ele.
Pat acredita. Ele se esforça, sabe que, no fundo, é importante para alguém e o que ele almeja deveria ser almejado por todo mundo - mesmo sendo a sua ex-esposa, por quem ele tem um amor intenso, nutrido por uma triste ilusão de que ela o espera. Mas Nikki é o amor dele. E é isso que significa. Por esta razão segue em frente, mesmo em partes desmemoriado, segue para alcançar e (re) conquistar um lugar mais sólido, uma vida mais digna, sua independência, um amor e mais outras vitórias para o Eagles - porque, se eles venceram, o pai dele ficará de bom humor dias e dias.
Em suma, Pat seria um bom amigo porque ele procura por verdades. Se ele procura as verdades da vida, nos faria um bem sendo transparente, sensível e verdadeiro. Um bom amigo, em outras palavras. Certamente, em acessos de raiva, ele não descontaria em você também: correria, faria suas séries de modo incontrolável, até sentir o sangue em seu peito "como se fosse lava". Estaria calmo. Estaria sendo sensato para com o mundo ao redor.
Pat é O lado bom da vida.
Ah, e outra: Pat Peoples te ensinaria a lição do "superar" - inclusive de como sobreviver ao ataque de um Kenny G e outras intermitências - inclusive do sax de "Song birds".
segunda-feira, 29 de julho de 2013
A Paisagem
Texto de autoria da Thayrinne Yasmim.
Era
uma vez um guerreiro antigo... espere! Por que “Era uma
vez...” se esta história é tão atual e tão habitual? E por que guerreiro antigo
se o personagem existe em nosso século? O fato é que todas as boas histórias
começam com “Era uma vez...”, e que o leitor com o tempo vai perceber que
guerreiros antigos existem em todas as épocas e que histórias como essa teimam
em acontecer.
Retomando
o fio da meada... Era uma vez um guerreiro antigo, que era antigo pela época em
que viveu e não por sua idade; era jovem, forte e saudável. Em sua história, a
experiência era grande, mas no coração daquele guerreiro tudo era ausência,
saudade. Saudade do que ele nunca teve e do que ele nem ao menos conhecera.
Ele
travava uma batalha a cada dia, vivia uma aventura de cada vez, subia em seu
cavalo, vestia sua capa e estava preparado pro que vier, pra missão que
recebesse. Mas quem disse que o coração daquele guerreiro era duro como sua
armadura?
Aquele
guerreiro, que a partir de agora vamos chamar de Miguel por ser este seu nome
de batismo, havia acabado de vencer uma de suas mais históricas batalhas,
lutara ele e seus companheiros de Ordem contra os morgadorianos em defesa da
honra do rei D. Filipe II, um velho amigo da infância que teve. Ao fim da
batalha que ficou conhecida como Guerra dos 30 dias em função de sua demora,
Miguel e os demais cavaleiros foram convidados a comemorar e descansar no
Castelo de D. Filipe.
(...)
D. Filipe na tentativa de agradar seus amigos ordenou que fossem trazidas várias mulheres para o seu divertimento. No entanto, nosso célebre guerreiro resolveu fugir um pouco das vozes e cantorias e viu-se a andar pela cidade, fascinado pela lua que naquele dia parecia brilhar mais que nunca.
(...)
Ao olhar ao redor, ele se deparou com um lugar de beleza inigualável, um lago com palmeiras altas que guardavam a lua entre elas, sua sombra refletida no espelho das águas e ao fundo o castelo com suas muitas torres iluminadas. Ali, sentada em uma pedra, uma mulher que, para ele, era a parte mais bela da paisagem.
D. Filipe na tentativa de agradar seus amigos ordenou que fossem trazidas várias mulheres para o seu divertimento. No entanto, nosso célebre guerreiro resolveu fugir um pouco das vozes e cantorias e viu-se a andar pela cidade, fascinado pela lua que naquele dia parecia brilhar mais que nunca.
(...)
Ao olhar ao redor, ele se deparou com um lugar de beleza inigualável, um lago com palmeiras altas que guardavam a lua entre elas, sua sombra refletida no espelho das águas e ao fundo o castelo com suas muitas torres iluminadas. Ali, sentada em uma pedra, uma mulher que, para ele, era a parte mais bela da paisagem.
O guerreiro não se aproximou, preferiu de longe admirar a cena por várias horas. As festas duraram quantos dias durou a batalha, durante todos aqueles dias Miguel se retirava do castelo e tomava o caminho daquela paisagem. Todos os dias ele a via, mas sentia-se de forma diferente a cada dia, muitas perguntas lhe vieram a cabeça e muitas vontades também. Por momentos aquela mulher da paisagem o olhava e quando seus olhares se encontravam tudo ao redor sumia: as luzes do castelo, o brilho da lua e sua sombra refletida, tudo desaparecia.
Não
havia outras palavras para descrever aquele sentimento a não ser dizer que
Miguel estava encantado, apaixonado. Um guerreiro apaixonado em meio a uma
batalha desconhecida, onde não havia estratégias que lhe parecessem funcionar.
“O que fazer? O que dizer?” Estava o guerreiro em uma teia de dúvidas, teia de
sentimentos, mas os sentimentos não eram duvidosos. O que permanecia intacta
era sua fé, aquele cavaleiro que sempre teve Deus por juiz sabia que ele lhe
ajudaria dando a coragem e o discernimento que a situação exigiria.
No
dia que resolvera agir aquele homem não cabia em si de medo e ansiedade no que
estava por vir. Ao ver sua amada, as palavras de tão ensaiadas lhe fugiram. Mas
o olhar, aquele olhar de apaixonado disse tudo. Naquele momento ele soube que
mesmo sem palavras ela sentira o que ele sentira.
E
de repente, ao tocar sua mão a sentiu estremecer, borboletas voavam pela sua
barriga. Como era bom olhar naqueles olhos, sentir aquele toque e se sentir
cheio; cheio de uma emoção que nunca sentiu nem em suas mais magníficas
vitórias.
E
enquanto aquela noite guardava o sol em forma de lua, permaneceram ali aqueles
dois amantes sob o brilho radiante das estrelas. Das paixões que tivera aquele
guerreiro nenhuma se assemelhou àquela. Olhares que enfeitiçavam, pequenos
gestos que seduziam, corpos inquietos. Naquele momento, chamas de dois mundos
transformaram-se em um só...
Quanto
tempo passou não se sabe ao certo, mas a paisagem noturna continuou a se
repetir. Miguel fez então àquela mulher uma única pergunta: “-Porque todas as
noites você vem admirar a lua?”, ela respondeu que precisava sempre estar com a
mente e o coração voltados para a luz e que agora já podia sair dali, pois sua
luz agora era aquele guerreiro.
Ao
andarem pela cidade vazia, as mãos unidas como se fossem uma só, Miguel
resolveu parar e pegar pequenas rosas de um jardim qualquer para presentear
aquela mulher; já não era mais noite, os primeiros raios de sol abrilhantavam o
horizonte. Usou sua espada para cortar as rosas, entretanto, o orvalho molhou
suas mãos e os afiados espinhos feriram seus dedos, mas o singelo presente foi
dado e recebido de bom grado. Fazer surgir aquele lindo sorriso naquele rosto
de mulher o fez sentir-se um homem realizado.
Já
no castelo, Miguel foi chamado pelo mestre de sua Ordem e avisado que dali a
algumas horas eles partiriam, pois uma nova batalha os esperava. Sempre tivera
sido fiel a sua Ordem e a seus companheiros. O juramento de fidelidade feito
quando menino não fora esquecido. Miguel pensou naquela mulher e mesmo tendo
que deixar parte de seu coração naquela pequena cidade, não poderia abandonar a
Ordem, cumpriria seu dever como guerreiro e protetor do povo. Levaria, entretanto,
em seu coração e em sua cabeça aquela mulher, o amor que ele nunca tinha
conhecido e que agora lhe parecia claro como a água daquela paisagem que também
jamais esqueceria.
O
fato é que Miguel provavelmente jamais voltaria àquela cidade e que se um dia voltasse
nunca seria para ficar. Era um guerreiro andante, sua vida era batalhar,
defender, até que um dia a morte o levasse. Caso retornasse um dia, aquela
linda mulher por quem ele se apaixonara teria então outra paixão, e ele também
teria outras pelo caminho, mesmo que incomparáveis.
Ambos
sabiam, havia chegado a hora de dizer Adeus. O tempo que se passou certamente não seria esquecido; cada
momento agradável ao lado de quem se ama é eterno, assim como a história que se
agrega à vida de cada um dos amantes. Muitas histórias formam a história da
vida de uma pessoa, e muitas histórias de vida formam a história da sociedade.
Você tem que deixar algo seu para o mundo, mas pra isso é preciso força de
vontade, é certo e fácil entender: O que se faz na vida ecoa na eternidade!
FIM
Sim, caro leitor, lamento decepcioná-lo, mas esta não é uma história de
amor eterno, pois amores eternos não são atuais e muito menos habituais, amores
eternos não existem. Histórias, porém, existem, são eternas e todo mundo as
tem. Apesar da distância entre os tempos modernos e a sociedade medieval, hoje
ainda se cruzam estes mesmo amados e amantes, em diferentes cenários, mas ainda
os mesmos. A vida continua gostando de brincar com os corações e a lua continua
sendo a testemunha dos amores. Na história sempre ficará as figuras de romances
em que se fazem presentes as maravilhas do amor e a dureza e imprevisibilidade
do destino.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Todo mundo merece um café forte. Bem forte.
Ao som de Free Fallin, John Mayer.
Hoje eu acordei e pedi um café bem forte pro Medina na padaria. Como que numa epifania, me dei conta que hoje faríamos 5 anos - caso estivéssemos juntos. Meio que não obstante abri a gaveta da franquia do nosso filme, daquilo que a gente chamou de rolo, namoro e quase casamento.
Entre um gole e outro, a cafeína foi descendo cada vez mais forte. Medina me olhava como se eu estivesse empurrando um café muito doce e estivesse desfrutando de cada grama de açúcar como se fosse uma formiga: com prazer. E ele tinha razão. Estava.
A gente demora muito a entender o sentido da expressão "deu certo". E a segunda parte dela "até certo ponto". Diversas vezes eu julguei que a gente não se merecia, que tudo só deu errado, que nada era para ter acontecido. Inocência e ansiedade minha, oras. Nada a ver com a realidade.
Toda a nossa vida deu certo. Todas as viagens, todas as brigas, os enlaces, as noites de conchinha. Até que na noite de 25 de Maio de 2012 a gente resolveu se separar: porque a chama simplesmente tinha acabado, algumas situações sem sal surgiram e descobrimos que viver a dois, nós dois no caso, já não tinha mais brilho. A realidade desfilava na nossa frente e a gente resolveu partir para a inteligência mesmo e aceitar o convite de cada um pegar o seu bonde.
Na manhã seguinte da nossa separação você passou lá em casa para pegar suas coisas e colocá-las no carro. Eu tinha aula no curso de História da Arte, você precisava viajar para a Itália a trabalho em quatro horas. Parecia que tudo tinha se encaixado. Na verdade estava escrito e a gente só seguiu o script como duas pessoas normais e obedientes - e metódicas. Nesta mesma manhã já não éramos um casal de 4 anos e uns meses. Éramos eu e você - duas pessoas recém separadas. Nesta mesma manhã estávamos com fome e resolvemos passar no Medina - já para criar saudade. Pedimos um expresso daqueles: bem quente, com leite, fumaça e forte.
Depois da cafeína em alto grau e atravessando a porta do bar, já tínhamos a certeza de tudo: era nossa última primeira refeição do dia juntos. Mais forte que o café, mais forte do que a cafeína, era a certeza de que naquela manhã estávamos fazendo a coisa certa.
Da mesma maneira como faço todos os dias como se ainda fôssemos um fazendo companhia ao outro: pedindo o mesmo café ao Medina. Só que agora para despertar.
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