terça-feira, 3 de maio de 2011

Deixa eu viver teu luto

 [texto dedicado ao apoio dos meus amigos Márcio Arthur e Yamille Priscilla]


Quando você foi embora...depois de ter me deixado um tanto quanto perplexa, eu pensei que eu ficaria bem, bem mesmo. Me enganei. Não que eu tenha me entregado ao desespero, ao abandono e à tristeza. Mas, não - não deu tempo de me desvencilhar da tua pele. Ela grudou na minha. De verdade. Tanto, que me arranha até agora. E eu ainda não havia entendido a razão das marcas iminentes: eu não vivi teu luto. Sim, você não morreu pra mim. Não me dei esta oportunidade; não me entreguei à dor. À necessidade de chorar...Não fiz questão de me transformar em uma assassina. Eu quis que você continuasse a viver. Mas neste mundo só há espaço para um de nós. E esse "nós" não é você. Permita-me que inunde meu travesseiro de lágrimas. Que meu coração aperte de saudade. Que eu engasgue cada vez que citar teu nome. Permita-me que eu não recorde de coisa alguma. Que eu não ouça nada que me leve ou emane de você. Que eu não sinta mais o teu perfume e, muito menos, descubra onde te escondes. Permita-me que eu fique muda: na solidão do meu canto, até que alguém venha e acenda as luzes. Me pegue no colo e me faça carinho novamente.



[e, por favor, não me assuste em dias de chuva. obrigada]

Nenhum comentário:

Postar um comentário