terça-feira, 29 de junho de 2010

Quase uma mãe.....


Aos dezoito anos tornei-me professora. Adianto-lhes que apesar de uma profissão bonita, respeitável e algo que concede a mim um certo orgulho, devo confessar-lhes o quão árduo é ser Mestre.

Leciono disciplinas de Linguagem - Inglês e Português... mas não vim aqui para contemplá-las. O que tenho a dizer transcede  o que há de mais pragmático  na relação professor-aluno: a maternidade. Isso mesmo, maternidade.

Atualmente, ser professor não é ser mais aquele profissional responsável em explanar a meio-quartel de protótipos de futuros cidadãos as ciências..... Ser professor é ser pai e mãe; amigo e irmão; psicólogo e médico; conselheiro e técnico.... tudo muito mais... tudo muito além do normal.

Pelos meus olhos vejo crianças sem pai e mãe...com começo, mas, sem meio. É triste quando um de seus alunos chega até você chorando, notoriamente machucado pela ausência paterna e sozinho o suficiente para pedir-lhe socorro. Vejo um significativo número de " crianças" se desenvolvendo aleatoriamente, sem chão, sem abraços e carinhos para aconchegá-las. Por meio das batidas cardíacas as vejo eufóricas quando estão acompanhadas, e , ao mesmo tempo, pelas suas faces, vejo transparecer a falta - e,  a sobra.

Elas são sábias. Falam com a alma aquilo que não conseguem - ou não podem - dizer com as palavras. Já fiz ( e faço) o papel de mãe.... e afirmo: é assustador e indescritível. Sofro com eles quando os vejo chorar... e sou apenas mais uma professora jovem inexperiente. 

Cada um deles é um. Apesar de serem muitos, os amo. Não sei se com amor maternal, mas, certamente, com o instinto do mesmo. Elas me fazem sorrir, chorar e refletir. Elas são perfeitas, são enigmáticas, cativantes e lindas. Trabalho eu tenho aos montes, mas quando as alcanço, quando consigo chegar pertinho e pega-las no colo, me sinto completa.
Educar é um desafio. Ser professor é suprir a necessifdade do vazio deixado pela família. É exercer a paternidade e a maternidade antes do tempo....É cair de para-quedas na indecisão , no medo, no não querer machucar e no ter de punir. É assumir para si a responsabilidade de orientar uma vida. É ser mãe....é ser pai.

É carregar aquilo que não é seu, como se fosse seu, porque é seu e porque tem de ser seu! É "embalar Mateus" desconhecendo e adotando Mateus......

Um comentário:

  1. Isso é verdade Nessa. Lindo mesmo! Professor vai além de ser 'torcedor' de alguém que você quer que tenha futuro, mas sim ser o 'treinador' de alguém que você quer que tenha futuro.

    :*

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