domingo, 1 de agosto de 2010

Quando eu percebi que não precisava ter pressa: nossas conversas são na bancada da cozinha

Não gosto de pressionar ninguém, tampouco passar pelo o desconforto de ser " espremida contra o concreto". De certa forma, bem sei que esta é uma boa saída - ou melhor, boa solução - para que devidas providências em um relacionamento sejam tomadas. Não o faço não por medo (será?); não o faço porque " fazer suco de laraja à mão" é muito dependioso, exige um esforço enorme e uma disposição de tempo considerável. Eu, (in) felizmente, não predisponho de tempo, muito pouco, a paciência exigida. Entretanto, se a sede for muita e o supermercado estiver com suas portas fechadas, o plano B será ir rumo à feirinha de sexta à noite e comprar alguns tantos de laranja.

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Não somos de marcar uma conversa - Eu e Outrem. Somos de marcar encontros. Sei que a manutenção de um relacionamento, assim como sua arquitetura e sua engenharia, necessita de um bom diálogo. Ok. Eu gosto de conversar - sou tagarela desde que aprendi a pronunciar minhas primeiras palavras, meus primeiros ensaios dialógicos -  e tento estar sempre pronta para ouvir aquilo que meu destinatário tem a me revelar. Nestes passos iniciais (e, incertos, diga-se de passagem) tenho sugerido ao meu inconsciente uma conversa com Ele, uma discussão digna do adjetivo D.R. . Bem, o que ocorre é a tal disposição para a bendita tarefa.

Eis um fato curioso: quando desejamos algo e não intervemos no "desenrolar do carretel", tudo flui. Surge a conversa de bancada de cozinha. Muito mais gostosa do que uma sessão de gritos, berros e lamentações (além de dedos estendidos em direção NORTE).

Tenho me predisposto a esta terapia. E afirmo: nossas melhores D.Rs. têm surgido daí, "da parte da casa onde se preparam os alimentos."* Surgem entremeadas a papos de futebol (Campeonato Brasileiro; o jogo de domingo; o jogo de quarta e do jogador tal, bom pra caramba); fofocas dos colegas de trabalho, dos amigos; de momentos passados onde a ausência de ambos era real, e a possibilidade do (re) encontro era infundada, impensada e mais remota que qualquer outra coisa.

Que seja.....o queremos falar, um para o outro, aparece acompanhado a uma caneca de cerveja (Ele) e um copo de refrigerante ou algum petisco a ser preparado por mim para findar nossa fome (Eu). É neste local, despretensiosamente, que eu chego, quase sempre, onde quero chegar.  Ao som da TV ligada no SportTv..... com a temática do time de futebol de não sei lá de onde, é que nossos discursos mais esperados, mais eloquentes -  e mais surpreendentes - vêm á tona.

Não pedimos para estar ali, um rindo do outro, tentando desvendar o que cada olhar tem a dizer. Nos propusemos a estar ali. Querendo descobrir o que cada um tem a dizer, o que um pensa sobre o 0utro e o esperado por ambos para um futuro secreto. E os contos, os quais permanecem no passado.

Não sei bem se o futuro virá. Apenas pretendemos prosseguir com nossos lanches na cozinha. Sem correria, sem pressão, sem frio e falta de educação. Isentos de gritos, lágrimas e " aquilo que eu não deveria ter dito".


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Na caixinha da sala: 

Não precisa mudar - Ivete Sangalo e Banda Eva
Stop and stare - One Republic
Quando eu te encontrar - Biquini Cavadão
Pensar em você - Chico César
Onde estará meu amor - Maria Bethania
Lanterna dos afogados - Paralamas do Sucesso
Kiss me  - The Cardigans
Isso - Titãs
Gostava tanto de você - Tim Maia


 

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