sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Hoje à tarde resolvi arrumar um velho armário


Hoje à tarde, resolvi arrumar um velho armário com o intuito de retirar velhos livros e alguns tantos de poeira. Certo. Às três da tarde, iniciara eu a faxina. Liguei o som. Comecei a resgatar as pequenas lembranças.... Entre um amontoado de livros, formigas e futuras acomodações de seres amantes de papéis, deparo-me com alguns cartões de embarque rumo a um tempo que não voltará mais.
Abro, com certa cautela, uma pasta com um identificador em cima (tenho certa mania de metodismo) que dizia “Atividades 2º ano”. Nela continha algumas provas, atividades e cópias, do meu efêmero Ensino Médio. Notas bonitas, notas nem tão bonitas assim...Ensaios de trabalhos quase acadêmicos e umas carta anteriores a este momento; cartões de meu pai e de minhas amigas de infância....e, ao fundo, no som daqui de casa, Bad Day, do Powter.
Requisitei minha memória para que regredisse alguns anos. Lembrei-me das jovens tardes de semana-inteira em que tinha dois horários seguidos de Química e tinha eu, a obrigação de matar a fome com o vento ateh chegar o anoitecer das 18:30. Foi então , que, algumas lágrimas caíram quando ouvi o som de Metrô. Relembrei, rapidamente, as aulas de literatura, pois, encontrara uma de minhas produções "quase-análise" de O Crime do Padre Amaro. Além dos seminários resultantes de pesquisas, das atividades de química e das notas vermelhas que continham em algumas provas de matemática. Voltei ao tempo
Pensei se deveria rasgá-los ou, arquivá-los. Resolvi jogá-los ao lixo. Não para apagar a/da memória estes bons tempos, mas, para não deixar que os mesmos fossem devorados pelas traças que não pertencem a minha plêiade.
Perdem-se, ao som de Daughter, do Pearl Jam, o ensaio de um livro de comentários, um roteiro de filme, mais um estudo de Machado, outras razões de Biologia e uns demais de História. Ao som de Colors, do Amos Lee, sinto o peso de cada folha ao cair sobre as demais, no montinho que se forma no chão da cozinha. E me dói saber que tudo aquilo está indo embora.
Ana Carolina grita Confesso lá atrás. Enquanto, já com outras lágrimas nos olhos, redescubro as apostilas Positivo da oitava série – todas em perfeito estado. Uma música bem temática me mostra uma casinha antiga de algum ser que eu tenho um desprazer, Desculpa o Auê, da Lee – um pequeno auê arquitetei, devido este ser inescrupuloso, ter feito casinha na espiral de minhas apostilas.
Uma melodia bem Leblon, com Norah Jones, tonaliza o meu achado das revistas destinadas ao público que é Mestre, Professor ou Tia, mesmo. Uma sonoplastia favorável para se pensar: o sucesso na arte de construir outrem está próximo e, no fim, me faz lembrar como isso é bom. Parada para o flashback.
E mais achados: livros da minha mãe, e em um material, que de longe avistei um buraquinho proveniente de mais um serzinho cujo eu tenho pavor: retruquei-me e resolvi deixá-lo para trás – não queria ter de olhar para uma traça e deixá-la sorrir, debochadamente, de meu desespero.  
Sugestivamente, com Together, do Bob Sinclair, foram para o lixo  muitas lembranças físicas do Terceiro Ano. Infidáveis desenhos de química orgânica e física; juntamente com dois ou três “hums” em matemática ( tirei "hum", ok. Contudo, passei de primeira no vestibular da Estadual daqui., certo?) E no final da pasta, um conjunto de casas para recorte e montagem que eu havia ganho de alguém inexistente em minha lembrança, agora. 

Seguiram para o fim também alguns de meus anseios de ser eterna, de ser, fisicamente, gélida. 

Fechei o saco e lancei-me à porta. Hora de colocar tudo "lá, fora". Para irem e só.

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