Bem, você, melhor que eu, foi embora há uns seis anos (mais ou menos), e.... por aqui nos deixou.
O tempo passou. Eu, por ironia do destino, cresci. E você ainda permanece do outro lado desta imensidão continental que nos separa. Mas, eu sei: você foi embora para voltar. Entretanto, eu continuo aqui.
“Para você guardei o amor que eu sempre quis dá.” Estão comigo: a nossa trilha de amor; minhas futuras flores e seus tão esperados porta-retratos. Na caixa, no vão do criado mudo, estão as fotos de nossa primeira viagem. Na porta da geladeira, um post-it meu (cor-de-rosa pink, que você não suporta) lembrando-o para comprar a ração de nossa gatinha.
Avisto, de longe e ao longe, o seu tênis destruindo a decoração da minha sala. Dou uma pequena passeada pelo corredor e, esbarro no vaso de flores que tu colocaste para complementar minha mania de reavivar os ambientes.
Escondida, encontrei a garrafa de Coca-cola que você jurou não ter trazido do supermercado. Um pouco mais embaixo, vejo que você deixou a barra de chocolates que eu amo – não mais que você – presa a uma fita, no fundo do armário, só para eu ter o trabalho de retirá-la dali e começar a te gritar e você, educadamente, sorrir da minha cara, encostado na porta.
No quarto, bem ao lado da cama, reside nosso pequeno diário – você, como sempre a me apoiar, resolveu escrever à quatro mãos, o meu tão sonhado livro. Minha mesa de estudos não existe mais: você a transformou em sua biblioteca vertical......não há mais espaço nem mesmo para o meu despertador em formato de vaquinha. E você continua a rir da minha cara, mas agora, seguido de um abraço...finalizado com um beijo – sabor suco de laranja “Laranja Caseira”.
Eu ainda me atrapalho em algumas tarefas. E você me chama de lerda. Eu chego em casa e brigo com você. Você chega em casa e briga comigo. Briga feio...brigo feio.......E é então que descobrimos o quanto nos amamos. Eu peço desculpas e você nem me nota. Vou em direção à noite e quando a alcanço, é você, todo irradiado, que encontro.
Podemos girar, girar...over and over again......e sempre pararemos em um mesmo lugar: na porta de nossa casa.
[Com as compras do supermercado nas mãos.]
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