E foi assim: ela sentada, encolhidamente, afetada pela notícia. Ele, fitava a janela na tarde cinzenta de domingo. A trilha sonora: o choro de Eduarda ao fundo. Ele, Matheus, jamais poderia ter dito aquelas palavras àquele frágil coração. Mas o fez. O fez ao ponto de derrubá-la, de modo arrebatador, ao chão.
Por muito tempo eles sonharam viver intensamente um ao lado do outro..... assim como o casadinho da padaria da esquina: todos os dias, ambos estavam lá, grudadinhos. Passaram-se algumas horas e, não houvera nenhum avanço entre os dois. Ele fora sucumbido pela derrota que sua enunciação provocara: estava, agora, solitariamente, com a face enterrada sob os travesseiros no quarto. Lágrimas corriam pelo seu rosto e findavam-se na última marca de felicidade.
Eduarda, ainda meio descoordenada das ideias, atravessara o quarto à meia luz. Delicadamente, deitou-se à sua frente na cama e, suscitou o princípio da poesia:
E: posso ficar com você?
M: não.
E: por quê?
M: você sofrerá ao meu lado e isso não é certo.
E: e o que é certo?
M: a folha do calendário.
E: não.
M: tah. e o que é certo, então??
E: tudo aquilo que você não considerar certo.
M: um mês?
E: sim, um mês.
E então, seguiu-se a noite. Matheus adormeceu no colo de Duda - como costumava chamá-la. E a folha do calendário estava só começando.
[continua]
Vanessa, seu blog vem aumentando de qualidade a cada post. A leitura se torna cada vez mais interessante. Continue assim querida, parabéns pelo crescimento.
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