domingo, 16 de janeiro de 2011

Tentativa de aceitação

Luísa antes do final da festa tomou um soco no estômago. Forte, dolorido, assustador. E começou a chorar - talvez não necessariamente pela dor, mas pela origem da dor. Foi a pancada mais forte que já levara; a dor mais incômoda que já sentira. Sua cabeça girava confusa: o que será que ela  teria feito para  tomar um belo soco no estômago??? Será que a pessoa que a  agredira não sabia que bem ali, naquela região, existia um órgão??? Luísa retorcia-se e contorcia-se...nem ela acreditava que tinha tanta flexibilidade como apresentou naquela noite. Uma dor tão incômoda que, naquele momento, ela não sabia o que fazer. A única coisa que lhe viera à cabeça foi chorar.

Luísa segiu para casa com a ajuda de uma amiga. O restante da noite foi  seguida por gemidos, lágrimas e muitos questionamentos -  e uma tentativa de recordar o que se passou na noite anterior. Eis que passado alguns minutos, tudo ressurgiu-lhe: a agressão deu-se pela negativa apresentada por Luísa. Ela negou-se a seguir os outros que estavam por lá e, na revolta de um deles, tomou aquilo que era seu. Dias depois, já sem muitas dores, apenas com um rouxo na região atingida, Luísa tentou lembrar mais uma vez do fato. Lembrou-se do agressor e resolveu, por fim, aceitar o ocorrido.



[ no mais, ela ainda tinha um estômago.]

Um comentário:

  1. Adorei o post.Complexo demais para leitores desavisados e sem sensibilidade.Metáfora da vida.

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