domingo, 20 de março de 2011

Para alguém chamá-la de "Minha"

Alguém sempre espera outrem. Fato. E ela também esperava. Por um alguém que custava chegar. Custava ligar. Custava vir. Custava existir. A ansiedada era tamanha que, volta e meia, ela se deparava em desencontros mnemésicos.E por mais que ela tentasse, de alguma forma não conseguia sair do século das luzes; as quais se apresentavam  a ela quase sempre apagadas, ou ao modo 'meia-luz' - o que lhe era muito pior. E entremeada a folhas perdidas e canções sentimentais, ela se perdia. E não havia nada que a fizesse encontrar-se. Ela relutava em acreditar na inexistência de um alguém; um alguém que a chamasse de 'minha-alguma-coisa-boa'. Ninguém. Ninguém interfonara lá de baixo. Ninguém a levara para sair. Tudo isso porque ela era 'gente' demais. Havia nela mil outras meninas; mil facetas de mulheres; que, aos olhos de uns e outros, não poderia fazer-se uma. Única. Exclusiva. E bastante. E isto não lhe amargurava. Não lhe destruia. Mas lhe entristecia. E ela perdia o brilho nos olhos....quando se lançava frente ao espelho: somente ela, ali, face a face com a verdade, poderia pensar no silêncio. Era o suficiente para ponderar as saídas. Uma saída que lhe fizesse rainha. Forte o bastante para não se entregar em apenas uma 'minha' para alguém chamá-la apenas uma vez. Contudo, ela sempre vai pedir para voltar pra casa. 'Possessiva' ou não.




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