sábado, 3 de julho de 2010

Garotos....e meninas....por um encaixe quase perfeito

Soundtrack: Garotos - Leoni
                    Home - Michael Bublè
I'll be waiting - Lenny Kravitz
In my place - Coldplay
O Vento - Jota Quest
Kiss me - Six Pence None the Richer
Last Kiss - Pearl Jam

O encaixe foi quase perfeito..... eram dois seres despretensiosamente unidos por um só querer; um garoto e uma menina. Não é estranho que não haja algum absurdo do desejar entre essas duas almas. Não. O querer é permitível e permissível até que se concretize o avesso de todos os ponteiros......

[ O encaixe não veio??? Talvez o momento ainda não se fez, a canção ainda não tocou, a fotografia ainda não foi tirada e as lágrimas ainda não se apresentaram... ]

As palavras não foram medidas, os abraços não foram dosados e os beijos, esses.... ahhh... esses surgiram do acaso. Vieram, sabem eles, de um lugar-comum: do presente.

O pretérito imperfeito-perfeito-quase-que-perfeito, no momento, não é de grande valia. O que vale agora é o presente, é o estar bem de hoje.... O que não foi dito ontem, passou. O que desejam fazer amanhã... é o que na verdade os toca, os guia e  os apetece. 

Destemidos. Justo, destemidos: " hoje aqui, amanhã não se sabe". Não, eles não caíram no "conceito-chave" de viver intensamente como se fosse o último dia.... Não. O último dia pode ter sido o de ontem - hoje, mais um dia, fazem-se novos.... o que passou, o ontem, reside agora no fundo do baú de cada história - se alguém preferir, pode ser estória.

[ O cheiro agradável do perfume ainda permanece....as lembranças ainda frescas provocam, instintivamente, o sorriso tímido no canto da boca. Das palavras proferidas ao pé do ouvido, só restaram o calor entre ambos os corpos. ]

Ainda permanece o desejo de encaixe...... 

[ No entanto, condizente com a música surda que não tocou, mas impregnada nos raios de sol que atravessaram a fresta da janela e fundiram-se com o amarelo do quarto, está o entrelace de mãos....o junto, o colado..... ]

o estar entre eles.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Quase uma mãe.....


Aos dezoito anos tornei-me professora. Adianto-lhes que apesar de uma profissão bonita, respeitável e algo que concede a mim um certo orgulho, devo confessar-lhes o quão árduo é ser Mestre.

Leciono disciplinas de Linguagem - Inglês e Português... mas não vim aqui para contemplá-las. O que tenho a dizer transcede  o que há de mais pragmático  na relação professor-aluno: a maternidade. Isso mesmo, maternidade.

Atualmente, ser professor não é ser mais aquele profissional responsável em explanar a meio-quartel de protótipos de futuros cidadãos as ciências..... Ser professor é ser pai e mãe; amigo e irmão; psicólogo e médico; conselheiro e técnico.... tudo muito mais... tudo muito além do normal.

Pelos meus olhos vejo crianças sem pai e mãe...com começo, mas, sem meio. É triste quando um de seus alunos chega até você chorando, notoriamente machucado pela ausência paterna e sozinho o suficiente para pedir-lhe socorro. Vejo um significativo número de " crianças" se desenvolvendo aleatoriamente, sem chão, sem abraços e carinhos para aconchegá-las. Por meio das batidas cardíacas as vejo eufóricas quando estão acompanhadas, e , ao mesmo tempo, pelas suas faces, vejo transparecer a falta - e,  a sobra.

Elas são sábias. Falam com a alma aquilo que não conseguem - ou não podem - dizer com as palavras. Já fiz ( e faço) o papel de mãe.... e afirmo: é assustador e indescritível. Sofro com eles quando os vejo chorar... e sou apenas mais uma professora jovem inexperiente. 

Cada um deles é um. Apesar de serem muitos, os amo. Não sei se com amor maternal, mas, certamente, com o instinto do mesmo. Elas me fazem sorrir, chorar e refletir. Elas são perfeitas, são enigmáticas, cativantes e lindas. Trabalho eu tenho aos montes, mas quando as alcanço, quando consigo chegar pertinho e pega-las no colo, me sinto completa.
Educar é um desafio. Ser professor é suprir a necessifdade do vazio deixado pela família. É exercer a paternidade e a maternidade antes do tempo....É cair de para-quedas na indecisão , no medo, no não querer machucar e no ter de punir. É assumir para si a responsabilidade de orientar uma vida. É ser mãe....é ser pai.

É carregar aquilo que não é seu, como se fosse seu, porque é seu e porque tem de ser seu! É "embalar Mateus" desconhecendo e adotando Mateus......

Pelo máximo de minha existência e um momento menos empolgativo

[ Give me a little time
Leave me alone a little while
Maybe its not too late
Not today, today, today, today, today
]

Digamos que, faz parte da nossa existência o dever de esperar - não é à toa que PACIÊNCIA é uma virtude... . Certa disso, vejo que não há para onde correr, lugar algum e " toca" alguma para esconder-se...... o destino é esperar....... pacientemente - ou não! E " a regra é clara"!!!

Confesso-lhes que esperar nunca foi meu forte. Entender, sim, foi meu verbo....( detesto esperar por muito tempo) Entretanto, de uns anos para cá, com as idas e vindas da vida... as quedas, os saltos, os tapas e os apertos de mão.... estou em condições plenas de exarcebar - no bom e benéfico sentido - a minha paciência. Sério, descobri-me uma pessoa paciente........

Pacientizar a vida é uma terapia transformadora..... iluminante, se desejam saber.  Pacientizar é indicar o cartão verde para o outro aproximar-se e, além disto, efetivar a compra das passagens para o "eu". Como assim????? 

A partir do momento em que nos prontificamos em esperar, estamos  a por nossos valores, experiências e sentimentos em prática -  e em questão, para o " vou ficar esperando". Diagnosticar o próximo - e a nós - pelo simples motivo de espera exige que validemos nossos fatos para que  nos sirvam de mediadores ( julgamos os outros a cada meio minuto, principalmente em momentos de " Volto logo") .
[ haja paciência]

Refiro-me à "espera" porque não queremos esperar. Queremos correr, voar bem alto - e despencar na mesma proporção. Isso mesmo, adoramos fortes emoções ..... porém... a arte de manter-se de molho não nos é muito atrativa.

Esperar é tão importante : são nove meses para fazer-se inteiramente "presente entre nós"; são  dezoito anos para nos condicionarmos a "dirigir" velhas utopias pelas estradas; um mês para gozar do imenso prazer de " não fazer nada"..... e alguns significativos anos para esperar pelo "grand finale". É muito importante esperar....... e mais ainda, no momento desta espera, certo cuidado para não mirarmos diretamente em súbita empolgação ( se desejarem, plurifiquem essa afirmação)  e por fim, estacionarmos no marasmo.

Por um momento menos empolgativo para se viver... e uma existência maior em pacientizar, sem estancar no "Espero você aqui sentada"...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Era por um Beat Acelerado


[ Coração ligado
Beat Acelerado...(...)
Meu amor se zangou
De ciúme chorou
Não quer ficar mais
Ao meu lado
E hoje eu sigo sozinha
Sempre no meu caminho
Solta e apaixonada...]


Primeiro foi assim: ela era metropolitana. Atrapalhada, esquecida, engraçada, irritante... destrambelhada, inteligente, sensual... mas, metropolitana. Metropolitana no sentido de querer correr com a vida, esteriotipar o inesteriotipável.... enlatar o inlatável e racionalizar aquilo que não se deve interpretar como índicie Bovespa. Contudo, ela o amava. Amava o cara da metrópole. 

Ele era da metrópole. Não usava terno Armani, tampouco era de multinacional de petróleo e , muito menos, "cara" de almoçar um fast food-delivery-fonte-de-gorduras-trans. Mas ele não era caipira. Não era devorador de mato e artifícios naturebas. Apenas era mais um cidadão.
Reservado, inteligente, elagante e simples. Prato favorito: bife com batatas fritas. Sobremesa dos deuses: brigadeiro -  que só Ela sabia fazer.

Eles se conheceram na faculdade. Formaram aquela dupla logo de cara. Conheceram os absurdos do coração. Mas, agora, depois de alguns semáforos fechados e alguns produtos enlatados, tudo chegou a um princípio de  fim de capítulo e início da propaganda de supermercado.

Alega ela que ele não conseguira acompanhar seu ritmo. Alega ele que era desejo de efemeridade por parte dela que o impossibilitou de perceber a essência. Foi o Discurso do Método.

Ele continua a amá-la. Mas ela insiste em correr para manter bem o coração e a saúde....

[ por um Beat Acelerado]

dito nas entrelinhas para interpretar o coração