quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quis de mim....não pude ver

Eu tomei uma dose de aspirina que era para ver se a dor que me causara passava. Não adiantou. Eu fui perturbado durante a noite inteira, e, só pela manhã, depois de muito desgaste, achei na gaveta um erro de vida. Na última noite, cheguei em nossa casa....ela estava com cheiro de você...parecia que você havia saído no instante em que eu abri a porta - e saiu. Vi que na mesinha da sala, ao lado do telefone, havia uma  caneca branca, marcada e demarcada com seu batom a la Moulin Rouge. Entrei no quarto. A pequena Judy estava embrulhada no canto da porta - triste. Vi que nosso quarto estava estranho e a torneira da pia ainda pingava um sonzinho irritante - foi você. Permaneci meio atônito: todo o seu "eu" naquele lugar desaparecera. Percebi que muita coisa deixou seus respectivos lugares. Você tinha partido. Pela casa, você fez questão de recolher traço-a-traço que tinhas colocado alguns meses antes. Eu não disse que era para ires. Eu fiz você ir. E isso me machuca.....me encolhe e me alaga. Tudo erro meu. Perdi minha sensibilidade quando me fiz de esclarecido, para não correr o risco de me elucidar em você. E olha o que fiz você fazer comigo. Agora, não sobrou mais aquele teu sorriso depois do café e nem as palavras doces, ao pé do ouvido, depois do jantar. Eu estou sozinho, mais uma vez, na casa que agora é só minha; que por vezes fiz questão de ser tua, também, mas que te fazia em grande parte apenas como visita. Pois nada bem, segui rumo a varanda - você também sumiu de lá. O telefone tocou; era de um desses lugares de onde se perdem e se deixam amores: o vazio. Ouvi a mensagem transmitida: mas, não era sua voz, não tinha seu marcapasso e,acima de tudo, não poderia ser você. Lancei-me no sofá. Liguei a tv. Chamei pela Judy e, para minha surpresa, ela veio e, na sua passagem, deixou cair tua correntinha (a do Natal de...de...) que dizia; Amour. Pela primeira vez te entendi na entrelinha - e te encontrei no lugar que fiz, por tempos e tempos, meu.

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